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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
08 de fevereiro de 2012 | N° 16973
PAULO SANT’ANA
Mudar
Em razão dos meus problemas de locomoção, foi contratado um motorista para mim.
Ele me leva aos médicos, me transporta para as fonoaudiólogas, para as clínicas e para os hospitais, compra cigarros para mim, abastece meu carro e até frequentemente janta comigo, depois me leva para casa, onde vou repousar.
No dia seguinte, cedo ele está em frente à minha casa para reiniciar o serviço do meu transporte.
Paulo Rodrigues é o nome do meu motorista. Além de tudo, ele me ampara quando caminho, em razão do meu desequilíbrio causado pela desativação dos meus dois labirintos.
Faz de tudo para mim meu motorista. Nunca tive ideia do que era ter motorista. Agora tenho a ideia bem clara: motorista da gente é melhor que mulher da gente.
Às vezes, nós nem percebemos, mas estamos fazendo mudanças em nossas vidas. Eu, por exemplo, tenho a mania de mudar de itinerários, vou às vezes para casa pela Rua Lucas de Oliveira, outras vezes vou pela Perimetral.
Devemos fazer mudanças em nossas vidas. Não vou pregar que devemos mudar de marido ou de mulher, porque não quero me tornar num subversivo matrimonial.
Mas temos de mudar de atitude. Temos de deixar de falar demais, devemos ser mais silenciosos.
Temos de mudar de restaurante, há que mudar de cardápio. Só não devemos mudar de caráter, se somos bons, não temos que decidir que daqui por diante seremos maus ou desatenciosos com alguém.
Eu ia aproveitar para dizer que só devemos mudar de caráter quando somos maus. Mas me esqueci de que isso é imutável. Se somos tortos de caráter, nunca nos endireitaremos.
Mudar, em linhas gerais, salvo raras exceções, é bom. Mudar de hábitos é melhor ainda.
Como é bom, por exemplo, mudar de carro. Como é bom mudar de traje, de sapatos, de creme de barbear, mudar de sorvete de baunilha para de creme. São quase iguais, mas há diferença.
Não é bom mudar de emprego, a menos que seja excelente mudar de emprego.
É muito estranho quando alguém nos diz: “Tenho notado que andas mudado!”. E a gente nem notou que está mudado.
Mudanças são necessárias na vida, senão tudo se torna chato.
Mas ao mesmo tempo noto que há muitas coisas que recusamos mudar. Eu não mudo há tempos de mulher, não mudo há tempos de cabeleireiro, não mudo de marca de cerveja e de refrigerante. Vou me acostumando com tudo isso e, embora exista coisa melhor, insisto com o pior.
Mas acho que não se deve mudar por mudar. Mudar é um gesto decisivo, muitas vezes. Para que não se insista no erro.
Mas há coisas que se deve mudar e que não se consegue mudar. Eu, por exemplo, tenho o dever ético, moral, corporal de largar do cigarro. E, por covardia e falta de vergonha, continuo fumando.
Viram como mudar é bom e muitas vezes por safadeza nós nos recusamos a mudar?
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