Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
07 de fevereiro de 2012 | N° 16972
FABRÍCIO CARPINEJAR
Segurar uma mulher é igual a bater
O homem é violento.
Se você acredita que não é perigoso, é ainda mais selvagem. Sua raiva está reprimida, prestes a desaguar por um motivo banal.
Não brigamos intencionalmente, brigamos por soberba, quando nos julgamos imunes ao pior e terminamos pegos desprevenidos pelo monstro que somos.
Todo homem requer consciência de sua agressividade para nunca desrespeitar uma mulher.
Não deve confiar nas aparências, alegar que é educado, que é sensível, que é romântico – este é o caminho mais rápido à fatalidade.
Todo homem, apesar da feição civilizada, é um pugilista manso, um lutador amarrado, um arruaceiro contido.
A violência doméstica não é exclusividade dos outros, não é possessão do demônio.
Você é violento, não se sinta mal, não está sozinho nisso, eu sou violento, talvez mais violento do que um cão com raiva, do que um tigre magro, do que um leão levemente envelhecido.
É normal a coexistência da maldade e da bondade, do claro e do escuro, do divino e do bestial num só gesto.
Poeta, engenheiro, arquiteto, violinista, florista, não há profissão que nos salve do grito, dos punhos fechados e da ânsia de eliminar a resistência na base da força.
A questão é não permitir a ebulição da ira. Fugir das situações de descontrole, do deboche e da penúria do humor.
Evite se expor às ofensas por mais de duas horas – há uma cota de desaforo suportável pelo sangue.
O homem é Etna, é Fuji, é Vesúvio, um vulcão adormecido que pede vigilância perpétua.
Não batemos porque somos provocados. Batemos porque desejamos acabar com a crise de qualquer jeito. Batemos porque não nos conhecemos, e sempre deduzimos que uma agressão na adolescência representou uma exceção, que uma vez trocamos sopapos no trânsito para nos defender. Deliramos que o ato de jogar a cadeira na parede apenas traduziu um momento.
Nenhuma justificativa pode disfarçar o problema de fundo: somos naturalmente violentos. Ouça-me enquanto é cedo e não ameaça sua companhia.
Nenhuma explicação abafa o ódio. Reconstituição somente existe depois da morte, o inferno e o Presídio de Charqueadas estão lotados de desculpas.
Tatue a Maria da Penha nas pálpebras, tome as providências para não se achar imutável e maior do que a realidade.
Esmurrar a porta já é invasão. Arranhar a mulher já é soco. Empurrar a mulher já é espancamento. Não invente atenuantes.
E, por favor, não segure sua mulher, mesmo que seja para acalmá-la, mesmo que seja para contê-la, mesmo que seja para abraçá-la e dizer que a ama. Segurar num momento de tensão é igual a bater. Agredir sempre foi simples demais. A ternura que é trabalhosa, a ternura que não é de graça, a ternura que leva tempo.
Cuide de si para cuidar de sua esposa. Não batemos porque somos provocados. Batemos porque desejamos acabar com a crise de qualquer jeito.
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