sábado, 3 de dezembro de 2011



04 de dezembro de 2011 | N° 16907
COMPORTAMENTO


Prestes a explodir

Famoso entre os colegas pela falta de paciência ao lidar com qualquer problema, o profissional pavio curto é um tipo comum em empresas e costuma tumultuar o ambiente

Opinião dada por alguém em reunião é retrucada com amargura, cara fechada e início de discussão. O colega faz uma pergunta inesperada e é respondido com um corte. Alguma questão gera discórdia e resulta em um soco na mesa.

A produtividade da equipe é prejudicada pela falta de união e pelo clima tenso, mas a pessoa não admite. As situações que podem atrapalhar o ambiente profissional pela falta de paciência são variadas, e a presença do profissional pavio curto pode levar a brigas e inimizades no trabalho e a constantes desentendimentos entre colegas.

A relações-públicas Marcela Aragão, 27 anos, sabe bem o que é ter isso.

– Quando minha mãe me fez, se esqueceu de incluir paciência no kit. É mal de família, meus pais e irmãos também são assim. Nasci predestinada – afirma.

Segundo a carioca, são vários os casos em que sua interpretação leva a desentendimentos.

– Muitas vezes, entendo uma fala de algum jeito e corto na hora – diz. – Uma vez, dei um chilique com um cliente. Ele pedia o trabalho, mas não passava material. Eu, ainda estagiária, peguei o telefone e discuti com ele. Meu chefe só não rompeu meu contrato porque entendeu que eu estava no começo de minha vida profissional e ainda em fase de aprendizado – lembra.

Lidiane Silva, 25 anos, trabalha com Marcela e atesta que a falta de pavio da colega é constante.

– Já conversei com ela sobre isso. Ela está sempre de cara feia, qualquer coisa que perguntem ela responde com certa grosseria e quando alguém não concorda com a visão dela, a Marcela já fica emburrada e diz que ninguém a entende. Quando está insatisfeita, reclama o dia todo. Ela já brigou algumas vezes com as colegas. Acho que é o jeito dela de ser, mas nem por isso todos têm de aceitar – relata.

O consultor de carreiras Edson Félix aconselha quem tem colegas impacientes a manter o foco.

– Quando se está focado na carreira, ou em qualquer coisa, as atitudes são mais bem pensadas. As melhores decisões são tomadas com calma e profissionalismo. Busque se concentrar nas metas que traçou antes de conhecer o colega para resolver as situações de maneiras não prejudiciais. O profissional mais estourado, sem paciência, é um dos mais recorrentes entre os colegas difíceis de se lidar no trabalho – afirma.

Conversa amena

Para o consultor, se o nível de discórdia é acima do limite e a relação entre colegas não for muito aberta, talvez haja necessidade até de chamar um superior.

– Se houver liberdade na relação, podem conversar e resolver. Se não forem próximos, podem chamar o chefe da equipe e tentar traçar uma decisão – diz.

A conversa, entretanto, deve ser amena.

– Tudo deve ser decidido com calma, na conversa. Os resultados dependem da equipe, mas são os diferentes fluxos individuais que definem essa produtividade. Não jogue nunca a culpa no colega, pois soará como justificativa para as metas não cumpridas – recomenda.

Harmonia

O especialista em recursos humanos Hélio Vasconcelos avalia que as empresas devem realizar palestras e treinamentos de grupo para haver harmonia na equipe.

– Os profissionais de RH devem tentar minimizar as discórdias e orientar os funcionários. O pavio curto é um tipo de trabalhador comum. Minha recomendação é a conversa, para lembrar ao colega estourado que é importante conviver em boa relação para não afetar a produtividade – diz.

Correio Braziliense

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