quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010



Policial se comove ao encontrar bebê

Agente Roberto Chagas relata a ZH a emoção de deparar com menina abandonada próximo a altar

Às 14h30min de ontem, eu estava na delegacia, em Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, com o meu colega, Paulo Ullmann, atendendo os casos de todos os dias – no caso, alguns roubos.

Eu ouvi pelo rádio da Brigada Militar, ao qual também temos acesso, que uma mulher havia avisado a polícia sobre uma criança encontrada na Igreja São Sebastião Mártir. Nós entramos na viatura e fomos até a igreja, que fica a uma quadra da delegacia.

Quando cheguei ao templo, vi que, próximo a um altar de Nossa Senhora Aparecida, estavam três policiais militares. Um deles, o sargento Nei, tinha a menina nos braços.

Ela estava calma, dormindo o tempo todo. É uma menina muito linda e saudável. A primeira coisa que eu fiz foi tirar a câmera fotográfica do bolso e fazer fotos dela com os policiais.

A mulher, que havia entrado na igreja para rezar, só viu a menina porque ela se movimentou, mas chorava. O bebê estava limpo, enrolado em uma manta, e parecia ter sido alimentado recentemente. Acredito que a mãe pensou em deixá-lo na igreja porque é um local onde ele seria facilmente encontrada. Além disso, ali dentro não estava quente.

Todos ficaram emocionados com a situação, mas aquela cena me causou um choque. Em 20 anos de profissão, já presenciei muitas situações difíceis, mas ver um bebê abandonado pela mãe não é nada fácil. Como policiais temos de tratar essa situação de forma imparcial, mas não há como, a emoção vence.

Quando eu a enxerguei, era como se visse minha filha, há 18 anos, recém-nascida, no hospital. Assim como a Roberta, Rogério, 16 anos, também foi adotado.

Quando eu morava em São Nicolau, nas Missões, eu e minha ex-mulher tentamos ter filhos durante cinco anos. Já tínhamos comprado o enxoval, quando descobrimos que eu não poderia ter filhos.

Decidimos então adotar. Na cidade, o procedimento não era um costume, as pessoas estranharam nossa atitude. Mas, depois disso, outros começaram a adotar também. Penso que mudamos o pensamento daquelas pessoas. Por isso essa história me marcou tanto.

Quando saímos da igreja, a menina foi levada pela Brigada Militar para o Conselho Tutelar e depois encaminhada para o hospital do município, onde ela passa bem. Não sei qual será a decisão judicial, mas tenho certeza que muitas pessoas vão se emocionar com essa história.

Espero que ela fique bem e que encontre uma família que cuide bem dela. Confesso, se tivesse condições eu seria o primeiro a pedir para adotá-la.

Uma linda quinta-feira para você.

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