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sábado, 5 de dezembro de 2009
05 de dezembro de 2009 | N° 16176
ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES
Mangrulho
O mangrulho é uma torre de atalaia feita com troncos altos e com uns 5m de altura. O homem que está de vigia sobe por uma escadinha rústica e lá em cima tem uma plataforma, às vezes com cobertura de palha para proteção em caso de sol ou de chuva. “Mangrullo” é uma palavra hispano-americana, popular na Argentina e no Uruguai, que passou a fronteira e se abrasilerou como mangrulho.
Em São Borja, existe uma localidade chamada Mangrulho, que o companheiro Sérgio São Borja conhece muito bem...
Qual era a função do mangrulho? Na pampa argentina, na chamada “guerra del desierto” entre os soldados do exército argentino e os índios, o mangrulho facilitava a visão muito ampla (360º) do campo.
Ao menor sinal de perigo, o soldado que estava no mangrulho dava o sinal para o clarim e ele tocava a rebate. O índio pampiano era exímio na arte de se aproximar sorrateiramente, disfarçando-se na natureza entre os pastiçais e a animalada.
Aos olhos do vigia do mangrulho pastava pacificamente uma tropilha clinuda, sem sinais de contato com o homem: de repente se erguiam de trás dos cavalos, onde se escondiam com grande habilidade, 50 ou cem “conas de lanza” que já se vinham ao ataque Martín Fierro, a obra imortal de José Hernandez, dá uma adequada visão desses tempos, e o cinema argentino em mais de uma vez retratou essa luta entre os índios e os soldados do exercito argentino.
Civilização e barbárie? A expressão é equivocada. Eram civilizados aqueles soldados dos fortins da fronteira caçados a mango e a boleadeira nas pulperias dos arrabaldes?
Não. Improvisados a força como militares, tratados a manotaços pelos superiores, roubados do soldo muitas vezes e tendo que enfrentar a brilhante cavalaria pampiana que era excelente guerreando, o soldado de fronteira não era nem perto de civilizado. E nem era soldado – só um pobre paisano caçado como fera.
E bárbaro o araucano? Menos. Ele tinha sua vida organizada. A sua família, o seu modus vivendi, seu vasto território era cobiçado pelos brancos que não pensaram jamais em respeitar os direitos dos índios ou em viver pacificamente com ele. Não.
Foi uma guerra de extermínio e o governo argentino terminou por conquistar a pampa. Para quê? Para nada: aí está até hoje, em pleno século 21, o mapa da Argentina.
Da província de Buenos Aires para baixo, até a Patagônia, lá estão imensas solidões geladas, desérticas, verdolengas. Deveriam ser coloradas, porque ali se derramaram hectolitros de sangue indígena ou dos pobres soldados pátrias.
O mangrulho foi parte dessa luta genocida, cruel. Não tivemos no Rio Grande do Sul uma cousa assim, embora a Guerras das Missões (1750 –1756) não nos encha de orgulho. Mas tivemos muitas guerras civis e por isso importamos o mangrulho. A prova está em São Borja, não é, amigo Sérgio Medeiros?
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