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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
03 de dezembro de 2009 | N° 16174
PAULO SANT’ANA | MOISÉS MENDES - INTERINO
Corruptos de fé
Estão atribuindo aos pardais o desaparecimento dos tico-ticos em Porto Alegre. Andei me informando e não é nada disso. Os pardais são inocentes. Os tico-ticos estão sumindo por outros motivos. Mas me ocuparei dos tico-ticos mais adiante, porque esses corruptos de Brasília, que rezam depois de receber a propina, merecem prioridade. Corruptos com fé religiosa explicitada, com reza rezada em voz alta, são uma novidade.
O vídeo circula desde o início da semana na internet. Os deputados Rubens César Brunelli Jr. (PSC) e Leonardo Prudente (DEM) oram aos céus abraçados em pé ao então secretário de Relações Institucionais do governo de Brasília, Durval Barbosa.
Brunelli puxa a reza em altos brados. A cena foi filmada por Durval sem que os outros dois soubessem. O deputado rezador grita como se Deus fosse surdo. Pede ao Senhor que proteja Durval, o traidor que participa da encenação, e requer as bênçãos para as suas ações. A reza, de improviso, é patética. São três larápios pedindo proteção divina.
Reis, governantes, políticos e corruptos romanos, japoneses, russos, gregos, americanos, brasileiros sempre tentaram se aproximar de Deus, a custo de muito dinheiro, para serem resguardados aqui na terra e, se possível, conseguir depois uma vaga no céu. Tem poderoso com carnê de consórcio de acesso ao céu com desconto em conta corrente.
Até Mao Tsé-tung teria feito um acordo com algum deus comunista para que fosse eterno. Mas nunca se viu algo tão pragmático como esta cena. Pega-se a propina e, na hora, reza-se em voz alta. A ladroagem é purificada. Lava-se o dinheiro sujo com a fé.
A reza é da pior qualidade. Deveriam ter citado algum trecho da Bíblia, para não produzir uma fala tão ruim. E deu tudo errado, porque Durval – que seria o distribuidor das propinas – premeditou a traição e filmou os encontros. Os corruptos citaram até Nabucodonosor. Brunelli gritava:
– O Senhor um dia pegou um rei, o rei Nabucodonosor, e fez ele pastar, comer capim, para entender que o Senhor prevalece.
Os três corruptos da Brasilônia brincavam de Nabucodonosor. Eram protegidos pelo esquema do governador José Roberto Arruda, faziam tudo em nome do rei, extorquiam e se lambuzavam no pasto. Todos eles foram, em algum momento, parte da artilharia disparada contra o mensalão do Delúbio, em 2006. Temos mais um mensalão, este também com dinheiro em cuecas, com a inovação da reza e de que desta vez até as cuecas são exibidas.
Os corruptos nos anestesiaram. Não há como acompanhar tanta corrupção. Com os brasilienses, há pelo menos um tom de entretenimento. É divertido ouvir as conversas, ver como enfiam o dinheiro nas calças, a fleuma de alguns larápios engravatados, as queixas contra as regras da propinagem.
Temos da turma do Arruda em Brasília o que achamos que teríamos aqui, nas fraudes do Detran e similares, quando andaram anunciando vídeos devastadores que nunca apareceram.
Os vídeos dos corruptos de Brasília são profissionais. Têm clareza, diálogos diretos, maços de dinheiro, humor e reza. Até nisso os gaúchos estão perdendo. Eu importaria o tal Durval para dirigir melhor as cenas e as falas das nossas rapinagens.
E depois não sabem por que nem tico-ticos temos mais.
Claro que Herrera é o cara que pode enlouquecer o Maracanã.
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