quarta-feira, 2 de dezembro de 2009



02 de dezembro de 2009 | N° 16173
JOSÉ PEDRO GOULART


Meu medo

O futebol já tem muito espaço na imprensa. Não deveria estar aqui. Mas, me dê licença, não é sempre que a vida nos põe diante de tamanha ironia, o Inter podendo dar um título inédito ao Grêmio, o de Campeão Planetário do Jogo Limpo. O mundo esportivo anda necessitado de lições, de exemplos; e agora um clube de Porto Alegre pode contribuir com uma boa dose disso tudo. Mostremos valor constância nesta ímpia e injusta guerra .

E digo, meu amigo, que não estou aqui para atiçar os fanáticos de qualquer lado, que fanatismo e cerveja morna me embrulham o estômago; mas afirmo que a partir do momento em que o Grêmio jogar à altura daquilo que a história lhe destinou, apenas um dos lados em questão poderá soltar a voz num canto unido: sirvam as nossas façanhas de modelo a TODA a terra!

E também não estou aqui para dar uma de bonzinho, que bonzinho e bunda-mole não armam barraca em meio a tempestade. Estou aqui com o plugue da opinião nas mãos, procurando a tomada que irá me conectar à verdade absoluta. E a minha verdade é a seguinte: Não basta pra ser livre/ ser forte, aguerrido e bravo/ POVO que não tem virtude, acaba por ser escravo.

Atenção, torcidas dos outros times, preparem-se para a inveja. Frustrem-se com suas vidas ordinárias desse perde e ganha do futebol. Há títulos que só o Grêmio tem; como aquele ao vencer uma final com apenas sete jogadores em campo. Esse, daquela maneira. só nós. E nunca ninguém terá. Como nunca haverá outra Monalisa, outra Nona Sinfonia, outro teto da Capela Sistina.

Portanto, obrigado coirmão, pela oportunidade extraordinária de um titulo absoluto: Grêmio, Campeão Mundial da Bravura. Talvez o tricolor não ganhe a partida – são amplamente conhecidas suas dificuldades fora do Olímpico este ano, mas que a virtude e a força vistam o sagrado manto azul e que tudo isso sirva de exemplo para as novas gerações.

É por isso que agradeço ao colorado por essa chance – a chance que ele próprio teve ano passado contra o São Paulo – quando o Grêmio estava liderando o Brasileirão – e a jogou pelo esgoto da sua história, escalando um time misto de reservas e juvenis.

Diante disso, na iminência desse título absoluto e extraordinário que estamos prestes a conquistar, é que minha alma se enche de temor. Isso mesmo, medo. E o meu medo é seguinte: e se os colorados resolverem escalar os reservas nos próximo domingo para prejudicar nossa conquista?

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