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sexta-feira, 2 de outubro de 2009
02 de outubro de 2009 | N° 16112
PAULO SANT’ANA
Carta do réu absolvido
Recebi por interposta pessoa, Ane Lanius, uma carta do ex-deputado Antônio Dexheimer, que há 20 anos foi absolvido da acusação de ter assassinado o deputado e jornalista José Antônio Daudt:
“Prezado Paulo. Sou leitor assíduo de tua coluna, a exemplo de todos os assinantes de ZH.
A discordância de pontos de vista não é suficiente para acalentar uma inimizade, sentimento menor de almas em conflito.
Reconheço a inteligência e o brilho da tua coluna, na riqueza do vocabulário, na precisão das frases, no conteúdo vigoroso e convincente das tuas afirmações. Ressalvo, no entanto, que até as mentes brilhantes se equivocam.
Encontrei meu nome perdido na tua coluna, estabelecendo um paralelo com o caso Becker. São inegáveis as semelhanças. Uma diferença, no entanto, deve ser ressaltada: independentemente da investigação policial, o suspeito no caso Daudt foi acusado, indiciado, pronunciado e condenado pela imprensa investigativa, na madrugada de sua morte, nos corredores lúgubres do Pronto Socorro. A Justiça soberana do RS desfez o equívoco em memorável julgamento.
No caso Becker, a imprensa investigativa se mantém à margem, silenciosa, preservando a assertiva de eminente jurista: ‘Quando a imprensa entra pela janela de um caso policial, a justiça sai pela porta’.
Um crime já foi cometido. Becker atacado também covardemente, a exemplo de Daudt. Que não se cometa outro, acusando um inocente.
Retorno à tua coluna do dia 26/09, no relato de um fato, ausente de minha lembrança. Na minha memória jamais estive acompanhado pelo Dr. Lia Pires na tua presença. Não seria sensato. As imaginações férteis divagam e fazem, de versões, fatos. Cacoetes do jornalismo.
Há 20 anos meu nome transita na tua coluna, como responsável pelo assassinato de Daudt. Estás equivocado e perpetuas uma injustiça. Fato deplorável aos olhos de Deus. Não fui o responsável pelo desditoso acontecimento.
O verdadeiro culpado permanece impune, acobertado pelo manto protetor de um falso culpado, criação inconsequente de um jornalismo dito investigativo. Contraponho à insistência acusatória o pronunciamento definitivo da Justiça, declarando por esmagadora maioria o veredicto de inocente.
Vinte anos se passaram e o caso está definitivamente prescrito. Talvez agora, distanciado do fato, com os espíritos desarmados, uma nova investigação, principalmente no viés de seus pseudoamigos e inimigos, possa tirar das sombras e da penumbra o risonho e feliz verdadeiro culpado.
Sinto o interesse de teu órgão de comunicação de revolver das cinzas o caso prescrito. Aceito o desafio.
O Lasier Martins é o mediador do Conversas Cruzadas. O Amadeu pode participar. Vamos rememorar juntos o ‘caso Daudt’. Você e eu. Vamos debater o assunto de peito aberto e coração desarmado. Vamos discutir a imprensa investigativa, as preferências sexuais, a polícia, o governo de então, o Ministério Público. A Justiça.
Enfim, todos os meandros deste enigma que paira sob nossas consciências, e talvez consigas com teu talento pessoal, com tua argúcia de policial a confissão de um crime que não cometi.
Com admiração e desarmado, um abraço do (ass.) Antônio Dexheimer”.
Agora escreve o colunista: então, Dr. Dexheimer, o senhor não se lembra da audiência em que foi inquirida a surda-muda que disse ter visto o senhor matar Daudt e o reconheceu no auditório como o matador, lançando sobre o seu rosto o dedo acusador?
Pois eu estava ao lado de seu defensor Lia Pires e o senhor estava a três metros de mim, na minha frente. Como o senhor não se lembra? Que vezo o senhor tem de negar!
Outra coisa, Dr. Dexheimer, não me recuso a debater com o senhor o crime. Mas agora acho inútil, porque o senhor estaria em situação ainda mais confortável: o delito já prescreveu. Mas saúdo o fato de que em sua carta acima publicada o senhor se declare desta vez desarmado.
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