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segunda-feira, 13 de julho de 2009
13 de julho de 2009
N° 16029 - LUÍS FERNANDO VERISSIMO
Drimtims
Os drimtims não costumam dar certo. Times de sonho geralmente só funcionam mesmo em sonho. Um exemplo famoso disto foi o time de basquete dos Estados Unidos que disputou as primeiras olimpíadas em que permitiram a participação de jogadores profissionais.
Uma seleção dos melhores jogadores em atividade na liga de basquete profissional dos Estados Unidos era a definição de um drimtim. Acho até que foi com eles que nasceu a expressão.
Na teoria, os americanos não teriam adversários nas olimpíadas. Só deixariam de vencer todos os seus jogos com diferença de 30 pontos ou mais por distração ou piedade. E o drimtim americano não ganhou o ouro do basquete naquelas olimpíadas. Ninguém sabe o que aconteceu. Na teoria, o time era imbatível. Mas, como já se disse, teoria não pega rebote.
O Real Madrid teve mais de um drimtim na sua história. O último que formou também ficou na teoria. Não foi exatamente um fracasso, mas nunca jogou como nos sonhos da sua torcida. Porque a promessa do drimtim é a perfeição, uma superioridade tão grande que quase torna o jogo supérfluo: o time já ganha na escalação.
No cara ou coroa, o adversário já está perdendo de três a zero. Teoricamente, o novo drimtim do Real Madrid estaria dispensado de disputar qualquer campeonato, seria proclamado campeão de tudo só pelo seu poder de compra. Com a torcida gritando, além do nome dos jogadores favoritos – “Kaká! Kaká!”, “Cristiano Ronaldo! Cristiano Ronaldo!” –, “Tesoureiro! Tesoureiro!”
Por que os drimtims raramente cumprem sua promessa? Talvez porque junto com jogadores que se equivalem na qualidade os clubes também comprem egos que se parecem, e se chocam. Ou, então, porque a expectativa é sempre maior do que a realidade, por melhor que esta seja.
Ala esquerda
O Internacional tinha um ponteiro esquerdo excepcional, o Chinezinho. Isto na época em que existiam ponteiros. Chinezinho depois foi para o Palmeiras e acabou na Itália, onde, acho eu, vive até hoje. Mas quando ainda estava no Inter, trouxeram para jogar ao seu lado nada menos do que o meia-esquerda da seleção uruguaia campeã do mundo em 50, Julio Perez.
E então nos convencemos do seguinte: teríamos a melhor ala esquerda do mundo. Uma convicção que não sobreviveu ao primeiro jogo do uruguaio.
Tinham comprado o nome Julio Perez, esquecidos que a glória do homem estava longe e ele não tinha mais idade para jogar nem futebol de veteranos. Mas por um breve e cintilante momento, tivemos uma ala esquerda de sonho.
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