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quinta-feira, 23 de julho de 2009
23 de julho de 2009
N° 16039 - PAULO SANT’ANA
Departamento de Aviso Prévio
Divagando sobre os últimos acontecimentos, ocorreu-me um raciocínio, em face de que o médico Bayard Fischer referiu no e-mail que me enviou: ter o seu caso uma parecência com o Caso Daudt.
É verdade. E o nexo de similutude mais ecoante para mim é que tanto Antônio Dexheimer, réu absolvido do assassinato de Daudt, quanto Bayard Fischer, não indiciado mas investigado no assassinato de Marco Antônio Becker, são microcirurgiões, isto é, manejam com o bisturi invasivo num delicado impulso, movido por extremados cálculos.
O que impressionou no e-mail de Bayard Fischer enviado a esta coluna, contendo graves acusações a Becker e ao Cremers, foi que um investigado no inquérito do assassinato investiu furiosamente contra a vítima do homicídio, tentando desqualificá-la perante a opinião pública.
Por sinal, o advogado de Bayard é o criminalista Nereu Lima. Todos desconfiaram ou disseram que foi Nereu quem escreveu o e-mail de Bayard publicado nesta coluna.
Todos menos eu, que entrevistei Bayard e pude notar da sua autonomia intelectual e semântica.
Pode ter sido escrito por Nereu Lima, mas meu controle sensorial me permite levantar a hipótese de que o texto é de autoria de Bayard.
Não sei se Bayard é culpado de matar Becker. Mas também não sei se Bayard é inocente deste crime.
Se o inquérito, presidido pelo delegado Rodrigo Bozzetto, ainda não indiciou ninguém, prossegue apenas investigando, como me seria concedida a faculdade de avançar sobre o mérito da autoria do crime?
Deixa eu entender: consta no noticiário de anteontem que um delegado de polícia, acompanhado do chefe de gabinete da governadora, foi até a casa do presidente do Detran para avisá-lo de que seu filho (filho do presidente do Detran) iria ser preso a qualquer momento por tráfico de drogas (mais de 20 quilos de maconha).
Não estou entendendo mais nada. Diga-se de passagem que a Polícia Civil vem surpreendendo nos últimos tempos, realizando prisões espetaculares de quadrilhas com numerosos integrantes, desbaratando criminosos em todo o Estado, um desempenho notável recentemente.
Mas agora vem esta de um delegado que foi avisar o pai de um traficante que seu filho seria preso em seguida, com a agravante que o pai do traficante era dirigente de autarquia estadual. Não dá para acreditar.
A coluna se põe à disposição do delegado em questão para que ele explique este fato que como saiu no jornal ficou inexplicável, inacreditável.
Eu pensara que a polícia fazia prisões em flagrante, de surpresa, de supetão. Mas se a moda pega de avisar a família dos criminosos que seus familiares serão presos em flagrante nas próximas horas, então tem de ser criado na Polícia Civil o Departamento de Aviso Prévio.
Não dá para acreditar!
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