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segunda-feira, 20 de julho de 2009
TRAGÉDIA À BEIRA-MAR
Obra era realizada sem vistoria de engenheiro
A prefeitura de Capão da Canoa realizará uma perícia para verificar se era necessário licenciamento para a realização das obras no edifício Santa Fé, mas preliminarmente adianta que o tipo de trabalho constatado exigiria um engenheiro.
– O certo é que a empresa já estava trabalhando. Marcas nas colunas de sustentação mostram que aquilo foi mexido. Tudo indica que a licença era necessária e não foi solicitada – diz o secretário municipal de Obras e Infra-estrutura, arquiteto Tupi Feijó.
Para o empreiteiro que realizou as reformas, Selino Cardoso da Silva (da empresa Quadros e Cardoso Ltda), não era necessária licença para efetuar os consertos. Foram várias obras desde 1982, ano da construção do edifício.
O último contrato com o empreiteiro foi firmado em 10 de julho, embora Cardoso tivesse feito reparos anteriores. Ele diz que foi contratado para mexer no reboco que cobre colunas, vigas e teto, na parte da frente. A ideia era tratar as ferragens com produto anticorrosivo e providenciar novo reboco.
– Nada estrutural, por isso atuamos sem engenheiro – diz Selino.
Ele relata que notou vigas descascadas e ferrugem corroendo as estruturas internas das colunas. Selino acredita que a parte de trás do prédio – a que caiu – estava condenada e afirma que disse isso para o síndico Joel Dieter, aconselhando-o a contratar um engenheiro para mexer na estrutura.
– O síndico sabia que existia uma fissura na platibanda de um apartamento, sinal de dano estrutural. Mas não teve tempo de agir – diz Selino.
A prefeitura discorda. O secretário Tupi Feijó afirma que existem sinais de obras estruturais no prédio, do tipo que exigem engenheiro responsável.
Clodoaldo Reis, diretor da imobiliária Contamec (administradora do edifício Santa Fé), diz que pequenas obras tinham sido autorizadas em assembleia dos condôminos do prédio e contratadas pelo síndico Dieter.
– O concreto estava esfarelando, por efeito da maresia. Outra possível razão para o desastre é que tenha sido usada areia de má qualidade, salgada, na construção do edifício, que não foi obra nossa – analisa Clodoaldo.
Ele confirma que foi contatado engenheiro, que faria um laudo hoje, assim que se constatou os problemas. Bombeiros não foram ouvidos
Nem imobiliária nem a prefeitura souberam informar ontem que construiu o prédio em 1982.
O capitão Renato Pereira de Souza, comandante do II Grupamento do Corpo de Bombeiros (guarnição responsável por atuar em Capão da Canoa e outras cidades litorâneas), diz que a corporação não foi consultada:
– Essa obra não nos foi informada. Se isso tivesse ocorrido, teríamos solicitado um laudo da administradora do prédio que, provavelmente, atestaria danos estruturais. Com certeza eram necessárias adaptações urgentes, como escadas de emergência.
O delegado de Polícia de Capão da Canoa, Heraldo Guerreiro, abriu inquérito sobre as mortes e disse que os responsáveis pela obra, se for constatado necessidade de licença, podem ser responsabilizados criminalmente pelas mortes. Ontem, a prefeitura prometeu vistoriar todos os prédios da cidade com mais de cinco anos.
Uma ótima semana e Felizes Férias para quem está entrando de férias de inverno hoje.
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