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segunda-feira, 27 de julho de 2009
27 de julho de 2009
N° 16044 - PAULO SANT’ANA
A falta dos amigos
Morreu Lauro Schirmer na semana passada e eu fiquei na saudade. Saudade desde o dia que ele foi lá em cima na sala do seu Maurício Sirotsky conseguir uma vaga para mim no Sala de Redação.
Era um tempo em que o diretor de Zero Hora era também diretor da Rádio Gaúcha. E era isso que o Lauro era.
Impressionado com o fato de que eu fizera sucesso nos 30 dias intercalados em que participei do Sala de Redação como convidado do Cândido Norberto, Lauro foi pedir ao seu Maurício um salário para mim, um contrato para mim.
Corria o ano de 1972. E depois de ficar reunido com seu Maurício por mais de uma hora, lá veio o Lauro Schirmer se encontrar de volta comigo em uma sala da RBS.
E me disse o seguinte: conseguira um salário de 400 cruzeiros para eu participar para sempre do Sala de Redação.
Eu não coube em mim de contente, quando o Lauro me disse que ainda tinha mais para me dizer: que Maurício Sirotsky lhe autorizara a me contratar para escrever também uma coluna de Zero Hora pela qual eu iria ganhar o salário de 200 cruzeiros.
Quatrocentos cruzeiros pelo Sala de Redação e duzentos cruzeiros por uma coluna de Zero Hora.
Para resumir, para definir o que senti naquele momento, declaro agora que foi o dia mais feliz da minha vida.
E depois tive tantas outras alegrias junto ao Lauro Schirmer aqui na Zero Hora. Tive também tristezas, dificuldades, trabalhando ao lado do Lauro.
No entanto, na média existencial, foi muito doce e feliz para mim ter encontrado o Lauro e com ele conviver tantos anos de trabalho e camaradagem.
Agora morreu Lauro Schirmer e eu fiquei aqui órfão da sua compreensão, apoio, experiência, humanidade.
Eu não sei quando é que o destino vai parar de me levar os amigos, deixando-me privado de suas vantagens de ternura e consideração.
Como a morte é faminta e como nunca deixa de saciar sua fome! E vai levando os amigos, vai devorando os afetos da gente, vai nos enfraquecendo, vai mexendo no nosso equilíbrio e nos deixando tontos pela falta dos que se vão aos poucos, todos os meses um, ainda mais na idade em que estou, quando a morte teima em chamar quase todos os meus contemporâneos.
Que falta que já estás fazendo e ainda mais irás fazer, Lauro Schirmer!
E prosseguiu a procissão antropofágica liderada pela morte, levando em seu andar trágico para outras paragens eternas o Sanzi Biaggio, sepultado também na semana passada.
Durante décadas o Biaginho nos atendeu ali no Restaurante Copacabana, sorridente, meigo, com aqueles cuidados todos com que nos cozinhava o espaguete, o rascatelli, ou então o Rei Alberto com que me regalava na sobremesa.
Ah, Biaginho, como farás falta nas nossas noites de empanturramento de molhos e de massas, daqueles bifes enrolados no molho de tomate, ah, Biaginho, desde o tempo em que o Carlos Nobre ia todos os dias fumar sua piteira e beber o seu Campari, que saudade que vais nos dar, Biaggio, saudade das tuas braciolas.
Que diabo, Biaginho, a gente vai ouvir a tua voz lamentosa temperada de teu sorriso pelos três salões do Copacabana.
A morte é uma maldita e indevida espiã e assassina dos nossos sonhos, Biaginho.
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