segunda-feira, 20 de julho de 2009



20 de julho de 2009
N° 16036 - PAULO SANT’ANA


Dois impactos

Recebi o e-mail que logo abaixo transcrevo do andrologista e cirurgião-plástico Bayard Fischer, que teve cassado seu diploma profissional de médico por duas vezes, na primeira instância administrativa aqui no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul, e na segunda instância em Brasília.

O também médico Marco Antônio Becker, assassinado em 4 de dezembro de 2008, na qualidade de então presidente e vice-presidente do Cremers do Rio Grande do Sul liderara em vida o processo que acabou por cassar o registro profissional do doutor Bayard Fischer.

O e-mail que agora vou transcrever causará um impacto e um estrépito colossais entre a opinião pública.

O doutor Bayard vai explicar que mandou o bombástico e-mail por força de minha coluna do dia 9 deste mês, quando não citei seu nome em nenhuma linha, mas declarou-me ontem pelo telefone o missivista que, sendo alvo de rumores no seio do povo, sentiu, talvez erradamente, que eu pudesse ter traçado na referida coluna o seu perfil. Eis o e-mail:

“Prezado Paulo Sant’Ana

Em uma das suas recentes colunas, que versava sobre o caso Becker, o senhor só não declinou o meu nome como partícipe em sua autoria, mas deixou a entender para os até não atilados esta presunção. Como consequência direta, passei a ser evitado, até abominado pelos meus próximos, mesmo os mais chegados.

Diante disto, gostaria de lhe apresentar algumas ponderações. O doutor Becker acumulou uma miríade de desafetos. Investia, talvez para compensar sua homossexualidade não resolvida, com extrema truculência sobre indefesos colegas, no intuito de afirmar para si mesmo a sua ‘risível’ masculinidade.

Alguns destes injustiçados, como o doutor Waldemar Dornelles, não resistindo à pressão, após o quarto ou quinto enfarte veio a falecer. Guiava a sua caterva do Cremers, com um poder descomunal, fruto da coação moral e até física, emanada de uma aura poderosa compatível à da lendária figura da corte russa: o irascível Rasputin.

O insólito, no caso do doutor Dornelles, que se referia a mortes em casos de cirurgia bariátrica, onde as estatísticas apontam um índice de 1-2 mortes em cada cem casos, é que o nobre Conselheiro (Becker) que conduziu a previamente anunciada cassação acumulava não só mais processos cíveis pelo mesmo procedimento, mas também até de cirurgia branca (abrir e fechar o paciente sem nada fazer só para cobrar honorários).

Obviamente que este íntegro Conselheiro não suportava processo ético naquela despudorada casa de pseudo-defensores da ética.

Outro colega, traumatologista, ao saber da notícia da morte de seu covarde algoz, diante de sua sala de espera repleta de pacientes, proclamou, em alto e bom som, ser o dia mais feliz de sua vida. Outro colega, cirurgião plástico encomendou foguetes para festejar.

As notas que mandei publicar nos jornais, na época de campanha eleitoral, onde eu apontava o descalabro e a devassidão da ‘imaculada casa’: acobertamento de desfalque, campanha eleitoral a deputado federal do presidente, paga com dinheiro do Cremers, jogador compulsivo com dívidas pagas com dinheiro da entidade, assédio sexual masculino na sala da presidência (dois inquéritos arquivados na PF) etc. foram subvencionados por um colega que seguramente tinha reprimido muito ódio.

A verdade é que centenas de colegas foram despudoradamente trucidados pelo doutor Becker, para satisfazer a sua estabilidade emocional. Colegas que não tinham coragem de sequer contestá-lo, quando muito menos de enfrentá-lo.

Até um dos seus motoristas, que por não aceitar seu assédio sexual, sofreu gancho de sete dias (Representa a ausência de ¼ do salário no fim do mês) tremia com a sua presença.

Sant’Ana, nunca me passou o sentimento de medo, muito menos ainda se acredito na minha verdade. Talvez tenha sido um dos únicos que não disparou do mesmo diante de sua ameaça de agressão física como ocorrida em uma assembleia que o enfrentei, olhando nos seus olhos e o chamando de corrupto e ladrão (IPL PF 1150/2006). Ele era enorme. Esta é a minha índole.

Não sou de ficar na sombra do temor ou na escuridão do pavor. O senhor na sua coluna do dia quinze de julho, quando se referia a ira, gizou que seria capaz das últimas consequências num momento de desatino. Sant’Ana, comungamos do mesmo espírito. Somos solarmente objetivos, e não hienas covardes, que atacam pelas espaldas.

O que eu pretendia era desmascarar toda a devassidão da ‘imaculada’ casa de vestais, deste ícone caviloso e sorrateiro, blindado pelas escorregadias, copiosas e generosas verbas despendidas com a mídia (até a sua RBS não aceitou publicar notas por mim encaminhadas com o conteúdo retirado sobre as falcatruas do site do TCU).

Não só verbas, mas toda uma promiscuidade interesseira, como até de um destacado membro da sua grandiosa RBS (Rádio Gaúcha), que tinha empregado no Cremers uma sobrinha: reciprocidade?

Sei que no momento sou a solução politicamente correta, o ideal para saciar não só os anseios econômicos da mídia, mas também, da induzida opinião popular (até por colunas como a sua).

Mas tenha certeza que, para que me seja imputada alguma relação com o caso, a armação vai ter que ser muito cínica, insustentável, arbitrária e irresponsável. (Ass. Bayard Fischer)”.

Não bastasse este furo espetacular do texto acima, eu me alegraria também mais tarde com a primeira vitória do Grêmio nos últimos Gre-Nais.

Também pudera, metade da torcida Geral e a torcida inteira das cadeiras diante dos camarotes gritavam meu nome antes do jogo.

E quando a torcida do Grêmio grita meu nome antes dos jogos, é muito difícil o Grêmio não ganhar. Rejeito a análise de que o Grêmio só foi melhor que o Inter no segundo tempo.

Porque no primeiro tempo o Gre-Nal foi parelho. Mas um jogo de futebol é um inteiro de 90 minutos. E na integralidade dos 90 minutos, na média dos 90 minutos, hão de conceder os próprios colorados, o Grêmio foi infinitamente melhor.

E aquela bola na trave do Inter. E a virada, perdendo de 1 a 0 o Grêmio conseguiu a façanha de ganhar ainda o jogo.

Foi demais, torcida gremista! Ganhar deles, que são mais ricos do que nós, ganhar deles com um Grêmio contando os seus tostões que sobraram das dívidas, é um alívio de felicidade incomparável.

Saudemos nossos jogadores e nossos dirigentes, torcida gremista. Ganhar deles sem dúvida, sem erro de arbitragem, é o mesmo que ingressar de carruagem no Paraíso.

E ficou provada uma coisa: O Inter só ganhava os Gre-Nais porque eram todos no Beira-Rio. Na nossa casa é outra coisa!

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