terça-feira, 21 de julho de 2009



21 de julho de 2009
N° 16037 - PAULO SANT’ANA


Coluna democrática

A coisa está no seguinte pé: fui procurado por e-mail pelo doutor Bayard Fischer, atualmente com seu registro profissional cassado pelo Conselho Regional de Medicina gaúcho, com ratificação em Brasília, isto é, impedido de clinicar e fazer cirurgia.

Ele procurou a mim, eu não tenho culpa de que as pessoas me procurem, tornei-me um polo jornalístico sedutor, isto foi fruto de meu trabalho de 38 anos na imprensa.

Modéstia à parte, sou preferido entre leitores e entidades, como o são também outros jornalistas e órgãos de imprensa. Mourejei quase 20 horas por dia durante quatro décadas para atingir esse prestígio. Ainda modéstia à parte, eu mereço este lugar que conquistei na imprensa gaúcha.

Vai daí que o doutor Bayard me procurou, como me procuraram milhares de pessoas nestes anos todos que tenho de profissão, presos, perseguidos, culpados, inocentes, testemunhas, outros que não têm e nunca tiveram voz, modéstia à parte esta coluna se tornou numa campeã dos Direitos Humanos.

Por sinal, só por causa de minha profissão e fé jornalísticas eu ganhei, meu maior orgulho, o Prêmio Direitos Humanos da entidade correspondente, em cerimônia inesquecível.

Então estão falando com quem ganhou o Prêmio Direitos Humanos, não é pouca coisa, é o meu maior troféu, porque alcançado ao terçar armas contra a opressão, a injustiça, o abandono, a exclusão.

Eu me gabo disso, fruto de meu trabalho e da minha obstinação por justiça e igualdade.

Sendo assim, Zero Hora e eu concedemos espaço ontem e hoje ao doutor Bayard Fischer, como estamos prontos a conceder espaço em qualquer tamanho e a qualquer tempo aos que representam a memória do doutor Marco Antonio Becker e aos que representam o Cremers, violentamente atingidos por Bayard.

Só não publiquei nada do Cremers porque até ontem, horário de fechamento do jornal, ninguém do Cremers tinha me mandado qualquer mensagem.

Sei que estavam reunidos ontem às pressas no Cremers e a partir de amanhã encetarão a reação. Esta coluna está aberta ao Cremers, como se abriu ao doutor Bayard, como está aberta a qualquer gaúcho ou brasileiro que queira dela se valer para defender-se ou para gritar seus direitos.

Pelo amor de Deus, não me julguem mal ou apressadamente. Já cansei de provar que sou justo, sempre dei direito de resposta a todos nesta coluna, o Rio Grande está de prova. Cheguei até, inúmeras vezes, a ser chato para conceder direito de resposta.

Elaborem o Cremers e os médicos suas respostas, elas serão abrigadas democraticamente por esta coluna e por este jornal, porque em última análise esta coluna e este jornal estão a serviço do povo gaúcho.

Mas lembrem bem, a serviço de todos os gaúchos. Não a serviço, jamais, de apenas uma parcela ou facção.

A serviço de todos, pela justiça, pela liberdade. Mobilizem-se, organizem-se e mandem suas respostas. Jamais neguei direito de resposta a ninguém.

Esta coluna é uma cidadela tradicional do livre debate e do trânsito livre de ideias.

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