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quinta-feira, 9 de julho de 2009
09 de julho de 2009
N° 16025 - PAULO SANT’ANA
Crime no rumo da solução
A Delegacia de Homicídios já desvendou metade da teia de mistério que cerca o assassinato do médico Marco Antonio Becker, vice-presidente do Cremers, ocorrido dia 4 de dezembro do ano passado, na Rua Ramiro Barcelos.
O delegado Rodrigo Bozzetto e sua equipe, que investigam há sete meses a morte violenta do médico, já reuniram indícios praticamente veementes sobre a autoria intelectual do assassinato, faltando apenas desvendar a ligação fática e material entre o mandante e os executores do crime, os dois homens que tripulavam uma moto e tocaiaram Becker à saída do Restaurante Alfredo.
Os policiais já têm o nome do mandante. Apenas não o indiciaram nem divulgaram o resultado das investigações porque a Delegacia de Homicídios está tendo uma certa dificuldade para lincar o mando do crime com sua execução.
O dilema todo da equipe policial reside em ligar o interesse enorme do mandante em eliminar Becker e a corporificação das circunstâncias em que foi firmado o contrato criminoso entre o autor intelectual do crime, o pistoleiro e o motoqueiro que mataram Becker.
Nos últimos dias, a investigação que se dirige à apuração da identidade dos executores avançou intensamente, a polícia está tensa, embora aplicada no desvendamento total do crime.
Esta notícia que estou dando tem duas pilastras no seu nexo: funcionou tanto nas informações que me chegaram nos últimos dias quanto no meu controle sensorial sobre o crime, sua repercussão e os atos exaustivos da polícia para a solução do caso.
O mandante, repito, já apontado, tinha forte e substancial motivo para mandar matar Becker, o assassinato não teria sido somente por vingança, mas também para impedir que Becker prosseguisse em sua ação prejudicial à reputação e ao então já vacilante e combalido desempenho profissional do autor intelectual do homicídio, ocasionado por ações repressivas de Becker ao mandante, no Cremers.
Para tentar chegar à substanciação do indiciamento do mandante e consequente esclarecimento do crime, a polícia utilizou-se de auxílio de mandado judicial.
Além de ter sido investigado pela vítima no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul, o mandante tinha a motivação não só de vindita à ação de Becker como também uma paralela mais importante: fazer cessar a ação repressiva de Becker, que parecia obstinado em punir administrativa, profunda e definitivamente, no campo profissional da medicina, o homem que a polícia tem a convicção de ser o autor intelectual do delito.
O delegado Rodrigo Bozzetto, que preside as investigações, mantém rigorosa reserva sobre o resultado delas, recusando-se a prestar qualquer declaração à imprensa, tanto para não prejudicar as investigações quanto por ter elucidado apenas uma ponta do crime, a autoria intelectual interessada e suspeita por indícios relativos à personalidade do mandante, enquanto os esforços árduos da polícia se concentram em solucionar a outra ponta do delito: a sua materialização (execução).
Essa lincagem entre a autoria intelectual de um crime e a autoria material do mesmo delito é dilema tradicional de autoridades policiais em todo o mundo, tendo sido já objeto de abordagem literária nos livros de Agatha Christie e Georges Simenon.
Isso sempre se dá quando o mandante é exímio na escolha dos executores.
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