quinta-feira, 1 de janeiro de 2009


KENNETH MAXWELL

2009: O ano que nos aguarda

2009 SERÁ UM ano repleto de dificuldades. O colapso financeiro mundial tem papel central. Não se trata apenas do que já sabemos sobre os múltiplos esquemas para enriquecer rapidamente, expostos a cada dia, mas também daquilo que não sabemos sobre as manipulações do mercado financeiro por pessoas que imaginavam saber mais do que as demais, usaram o sistema em benefício próprio e realizaram imensos lucros.

Pelo menos até que o edifício todo desabasse sobre elas. Assim, uma coisa é certa sobre 2009: será um período de recomposição -como sempre, doloroso e difícil.
2009 também verá a posse de um novo presidente nos Estados Unidos.

Não se trata do melhor momento possível para assumir a Presidência dos Estados Unidos, mas a posse de Barack Obama significa que teremos um homem jovem e ponderado na Casa Branca, e ele se cercou de assessores experientes.

As dificuldades que enfrentará serão enormes, mas previsíveis: problemas econômicos e desemprego; inadimplências continuadas relacionadas à crise hipotecária; pobreza crescente; as guerras no Iraque e no Afeganistão; e agora a crise na Palestina. Mas ele também traz consigo grandes expectativas e um amplo consenso nacional. A maneira pela qual administrará e conciliará esses interesses concorrentes formará um dos dramas de 2009.

O novo ano verá crescente independência na América Latina. A velha conexão entre América Latina e Estados Unidos se dissolveu. O Brasil assumirá um claro papel de liderança na América do Sul. De certa forma, já o fez, mas a abordagem brasileira quanto ao exercício do poder político do país é discreta.

De fato, o Brasil sempre definiu sua posição como a de intermediário entre seus vizinhos e o mundo mais amplo. A Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva deu novo passo quanto a isso ao promover o desenvolvimento de elos com a África e a Ásia, mas retendo as conexões europeias e norte-americanas do país.
As condições sociais também terão posição de destaque na agenda.

É inevitável que esse continue a ser o caso, mas não é inevitável que alguma coisa seja feita para combater a pobreza na qual milhões de brasileiros vivem. No entanto, Lula tentou confrontar os elementos mais grotescos da estrutura social muito desigual de seu país. Como resultado, manteve sua forte popularidade com o público mais amplo.

2009 verá a questão da sucessão presidencial conquistar destaque na agenda, e Lula continua a ser o principal protagonista. Será um ano difícil para o Brasil financeiramente, como para o resto do mundo. Mas também será um ano de esperança no cenário político.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

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