03 DE NOVEMBRO DE 2021
OPINIÃO DA RBS
AÇÃO CLIMÁTICA
A grande aflição que cerca a Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP26) é de que o evento termine com compromissos mais ambiciosos e concretos dos países para diminuir a liberação de gases causadores do efeito estufa na atmosfera e, assim, mitigar o aquecimento global. O tempo para discursos que demonstram preocupação, mas que poucos efeitos práticos têm, está se esgotando. Chegou a hora de agir. Um acordo nesse sentido acaba de ser selado em Glasgow, na Escócia, por mais de cem países, entre eles o Brasil. Pactuou-se reduzir as emissões de metano em até 30% até 2030. O ponto de partida é o volume lançado no ano passado.
É verdade que ainda é preciso mostrar como cada país poderá colaborar com tal objetivo. Mas o trato, liderado por Estados Unidos e União Europeia, aponta no sentido certo e, como o horizonte para cumpri-lo é curto, exigirá ações imediatas. Vai ao encontro da urgência que bate à porta do planeta. Também é necessário esclarecer como o Brasil contribuirá. Especula-se que não existirá uma meta específica para o metano, mas em gás carbono equivalente, espécie de cesta que inclui uma série de outras substâncias, como o dióxido de carbono, óxido nitroso, clorofluorcarbonos e o próprio metano.
O Brasil é um dos cinco maiores emissores mundiais de metano. É um tema sensível para o país, portanto. Sabe-se que uma das principais fontes de liberação do gás é a pecuária, setor de grande importância econômica. Está aqui o maior rebanho comercial de bovinos do mundo. Os brasileiros são ainda líderes mundiais em exportação dessa proteína. Mas há uma série de pesquisas, como as desenvolvidas pela Embrapa e por universidades, que mostram alternativas para que a atividade reduza as emissões do gás produzido no sistema digestivo do gado. Entre elas, cuidados com a alimentação, recuperação de pastagens degradadas e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). São caminhos que, além de sustentáveis, elevam a produtividade da pecuária e das propriedades, com benefícios econômicos.
O metano é o segundo principal poluente, superado apenas pelo gás carbônico. Se desfaz mais rápido na atmosfera, mas tem capacidade de aquecimento muito superior. Reduzir a sua liberação, portanto, poderia tornar mais eficaz no curto prazo a estratégia de limitar a elevação da temperatura do planeta e, por consequência, as mudanças climáticas que tendem a tornar mais frequentes eventos extremos.
Na COP26, o Brasil se comprometeu ainda a reduzir em 50% a emissão de gases de efeito estufa até 2030. A meta anterior era de 43%. Volta-se apenas ao que o país prometia em 2015, mas, de qualquer forma, é um aceno na direção correta. Da mesma maneira, firmou o compromisso de acabar com o desmatamento ilegal em 2028, uma antecipação de dois anos. Agora, resta o desafio de implementar políticas ambientais robustas que permitam acreditar na sinceridade dos objetivos. Por enquanto, pelo histórico recente, prepondera a desconfiança.
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