
13 DE JULHO DE 2021
NÍLSON SOUZA
A melhor vacina
Se você não leu a excelente reportagem de Larissa Roso sobre a rotina dos vacinadores de Porto Alegre, volte três casas no jogo da informação e recupere o texto publicado em GZH e na edição impressa de fim de semana. Com a sensibilidade característica de seu trabalho, a repórter ouviu enfermeiros e técnicos em enfermagem que atuam na maior campanha de vacinação da história do país, enfrentando diariamente o risco de contaminação e a ignorância de uns e outros, mas também recebendo o reconhecimento e o carinho de muita gente.
No dia em que fomos receber a nossa CoronaVac, minha mulher levou amendoins açucarados para as atendentes do posto de saúde, como também costuma fazer com os mesários em épocas eleitorais. Ela entende que aquelas pessoas estão prestando um serviço à sociedade, às vezes até de forma voluntária, sendo por isso merecedoras da nossa gratidão. Chega a ser inconcebível que alguém reclame ou ofenda tais trabalhadores - mas, como se pode constatar pela referida reportagem, isso ocorre até com demasiada frequência.
O novo pretexto para a agressividade, agora, é a variedade de vacinas. Na suposição de que umas são melhores do que as outras, algumas pessoas passaram a exigir a marca de sua preferência, voltando-se contra os vacinadores quando eles explicam que precisam seguir a orientação do Plano Nacional de Imunização. É aquela mesma história de matar o mensageiro de más notícias. Estupidez, irracionalidade, egoísmo ou tudo isso junto. Cheguei a pensar em escrever: pena que não existe vacina para a ignorância.
Mas reconsidero: existe, sim! E essa vacina não tem marca estrangeira, não depende de ingredientes farmacêuticos raros e pode ser aplicada em múltiplas doses sem qualquer efeito colateral. Na verdade, é a melhor e a mais duradoura das vacinas. Chama-se educação. Os trabalhadores da saúde não precisam ser transformados em heróis nem indicados à canonização - ainda que, em muitos casos, venham dando inegáveis exemplos de bravura. Precisam unicamente ser respeitados. Basta que sejamos educados com eles.
E quem tiver um pouquinho de gentileza sobrando que leve um desenho colorido de criança ou um pacote de amendoim doce para compensar as indelicadezas. Que gente cringe!
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