05 DE JULHO DE 2021
INFORME ESPECIAL
O desafio nacional de consertar o transporte público
A crise no sistema de transporte público urbano não é uma exclusividade de Porto Alegre. Atinge todo o país, pelas mesmas razões. O quadro foi agravado pela pandemia, que levou a uma queda ainda mais acentuada da demanda. Entidades do setor calculam que, nos 12 meses subsequentes ao início da emergência sanitária, o déficit das empresas chegou a R$ 13 bilhões. O entendimento é de que o impasse não será solucionado apenas por movimentos das prefeituras, como tenta fazer neste momento a Capital, mas passa necessariamente por uma mudança que deverá ser enfrentada pelo Congresso, alterando de forma mais abrangente uma série de pontos. Do modelo de contratação ao custeio. Este é um dos pontos mais controversos. O serviço, caro para a qualidade que oferece, é hoje majoritariamente pago pelo usuário.
O superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Luiz Carlos Néspoli, avalia que será preciso um novo marco legal para o segmento, como teve o setor do saneamento, com mudanças aprovadas neste ano. A intenção da entidade é que o tema comece a ser discutido ainda em 2021 no Congresso, para se transformar em projeto de lei. As saídas propostas em um documento já concluído incluem subsídios de fontes extratarifárias, algo que, de alguma forma, já não foi bem recebido em propostas discutidas inclusive na Capital.
- Se não existirem subsídios, receitas não tarifarias adicionais, continuaremos no círculo vicioso - diz Néspoli, acrescentando que as propostas já foram apresentadas ao governo federal.
Hoje, com exceções raras, a maior parte das gratuidades não prevê fontes de recursos para custeá-las. Recai sobre os passageiros pagantes. Em todo o país, impacto médio das gratuidades e descontos seria de 21% da tarifa. As propostas passam por rediscutir os benefícios ou o financiamento das gratuidades para idosos, asseguradas pela Constituição, e de estudantes, em regra estabelecidas por Estados e municípios.
Mas existem mais sugestões que englobam de maneira mais ampla usuários de outros tipos de transporte e mesmo os beneficiados por melhorias na infraestrutura. Entre elas, uma taxação dos aplicativos de viagens, pedágios urbanos, contribuição embutida no valor dos estacionamentos, alterações no vale-transporte, captação de parte dos recursos do IPVA e taxas de licenciamento de automóveis e até cobrança de fração do IPTU para imóveis valorizados por investimentos públicos viários. Ou seja, uma solução estrutural, pelas resistências que enfrentará, não será nada fácil. Mas é uma discussão que não pode mais ser adiada.
Apoio psicológico para os 60+
Mesmos os vacinados da população 60+ seguem tomando uma série de cuidados. Entre eles, a manutenção do distanciamento, que resulta em menor interação social. O isolamento, necessário para evitar o contágio pela covid-19, também fez aparecer sequelas emocionais. A percepção deste problema levou à criação do projeto Acolhendo Idosos na Pandemia, oferecido pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), em parceria com a Santa Casa. O amparo psicológico gratuito está à disposição desde o início da abril, mas agora a divulgação da iniciativa é ampliada.
O apoio está aberto para pessoas acima de 60 anos que estiverem se sentido sozinhas, tristes, ansiosas ou passaram a ter problemas com o álcool. O serviço é gratuito, nos sete dias da semana, das 8h às 19h. Para ser atendido, basta ligar para o número 0800 760 5151. Quem procurar ajuda, de qualquer parte do país, será avaliado e poderá receber intervenções psicoterápicas durante um mês, com um atendimento por semana.
Até agora, cem idosos passaram pelo projeto e 25 seguem em acompanhamento. Dos que buscaram apoio, 77% apresentaram sintomas de ansiedade e 73% de depressão.
Vacunas
Um dos países sul-americanos mais adiantados na vacinação contra a covid-19, o Uruguai publicou novos números sofre os benefícios da imunização. No caso do produto da Pfizer, a eficácia para evitar a doença está em 78%, segundo o Ministério da Saúde Pública. Também reduz em 97,8% o risco de precisar de uma UTI e de 96,2% o de morte.
Para a Sinovac, a prevenção das infecções ficou em 59,9%, a de ingresso em UTI em 90,9% e, para casos fatais, a taxa está em 94,6%.
Os efeitos da vacinação têm sido bastante percebidos nos lares de idosos, onde se concentra um importante grupo de risco. Até o final do ano passado, uma a cada seis mortes pela covid-19 no país vizinho era de moradores deste locais. Agora, é de menos de um a cada 10.
VASOS COMUNICANTES
Natalidade
O Rio Grande do Sul encerrou o primeiro semestre com o registro de 65.881 nascimentos. É 3,7% inferior ao mesmo período do ano passado. A diferença é de 2.521 nascimentos.
A quantidade de mortes, por sua vez, foi de 66.724, superando o número de gaúchos que vieram ao mundo de janeiro a junho deste ano.
Os dados são do Portal da Transparência do Registro Civil.
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