quarta-feira, 10 de março de 2021


10 DE MARÇO DE 2021
OPINIÃO DA RBS

PACTO NACIONAL PARA COMBATER A COVID-19

A ausência de uma liderança federal responsável para conduzir o país nas medidas de combate à pandemia força governadores e Congresso a formar uma aliança para tentar dar uma coordenação nacional às ações que se impõem. Diante das omissões e de reiterados erros do governo Jair Bolsonaro, agem corretamente os chefes dos Executivos estaduais, articulados com o parlamento, para buscar pressionar pela negociação de mais vacinas, cobrar prazos para a entrega dos imunizantes e, principalmente, dar uniformidade a iniciativas que tentem conter o desenfreado ritmo de contágios pelo novo coronavírus.

Com as repetidas negativas do Planalto em reconhecer o distanciamento social como a alternativa mais viável para diminuir a marcha acelerada do vírus, que resulta em escalada de hospitalizações e mortes, não poderiam os governadores trabalhar de forma isolada. Pouco adianta um Estado tentar implementar medidas restritivas à circulação de pessoas se, nas demais unidades da federação, preponderar o descontrole e a disseminação galopante da covid-19. Ao se unirem, demonstram força e também diluem o desgaste político, porque sabem que, em Brasília, terão apenas uma voz contrária às providências conhecidas como eficazes para controlar o vírus.

Em outra frente, os presidentes do Senado e da Câmara, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Arthur Lira (PP-AL), formalizaram ontem questionamento ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre o calendário de vacinação. Nos últimos dias, são quase diárias as alterações das projeções vindas do governo federal sobre o cronograma de entrega de vacinas, mais uma prova do quanto o governo federal, lamentavelmente, é inepto na tarefa de assegurar uma previsão confiável à sociedade. Coube também a Lira ontem tratar com o embaixador chinês, Yang Wanming, sobre pedido para Pequim ajudar o país a superar esta verdadeira tragédia que tirou a vida de quase 270 mil brasileiros, agilizando o envio de vacinas ou de insumos. A iniciativa de Lira comprova a interlocução deficiente do Planalto, após vários ataques de membros do governo Bolsonaro e do entorno do presidente à China.

Diante do descrédito de Brasília, que não assume responsabilidades e falha na negociação de vacinas, a solução definitiva para a pandemia, torna-se premente a instalação dessa espécie de gabinete de crise, com governadores e Congresso, para dar um caráter nacional ao enfrentamento do drama sanitário, social, econômico e humanitário instalado no território nacional. Em um momento de colapso dos hospitais, recordes de mortes e vácuo na presidência da República, não há como adiar a implementação de pacto nacional que tente, com ações racionais e concatenadas, dar aos brasileiros alguma esperança de que haverá um mínimo de harmonia e cooperação para debelar a pandemia no país.

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