
Um cardápio de disrupções para os gestores de negócios
Em um mundo com guerras intermináveis e desastres ambientais como o vivido há pouco mais de um ano no RS, o tema do 26° Congresso do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), aberto ontem em São Paulo, reflete algumas das preocupações dos gestores de negócios: governança em um mundo disruptivo.
O cenário foi detalhado por Pavan Sukhdev, fundador e CEO da Gist Impact, descrito como "economista por vocação, banqueiro por ocupação e engenheiro ambiental por paixão". No painel "Navegando em mares revoltos: governança para sobreviver às disrupções dos próximos cinco anos", listou os principais riscos (confira no quadro), com a inclusão de pontos que não são tão óbvios. E advertiu:
- Todas as empresas têm externalidades. Se não medem o risco de hoje, não sabem que prejuízos podem ter amanhã. Não se pode gerenciar o que não se mede.
O desconhecido mais famoso do mundo
Sukhdev fez questão de explicar por que incluiu a inteligência artificial entre os riscos:
- Como ativo, a inteligência artificial pode ser usada de forma muito positiva, para aumentar a produtividade. Mas tem um aspecto negativo: nada indica que cibercriminosos não vão usar esses recursos. E o crime com IA será mais perigoso do que sem.
Para Sukhdev, o problema mais desafiador entre os cinco que apresentou é o que chama de "mudanças no contrato social". Avalia que há muita ambiguidade e incerteza nas relações de poder, e que a democracia está "desafiada". Perguntou à plateia do congresso quem já havia ouvido falar em Curtis Yarvin. Diante do silêncio, brincou:
- É a pessoa desconhecida mais famosa do mundo.
Depois do breve alívio cômico, voltou a falar sério. Disse que Yarvin é seguido por personagens como J.D. Vance, vice-presidente dos EUA:
- Uma de suas teses é de que a democracia é um software ultrapassado. _
*A colunista viajou a São Paulo a convite do IBGC
Riscos já afetam grandes multinacionais
Unilever: foi acusada de maquiar dados de sustentabilidade ambiental. O executivo responsável foi demitido e foi contratada auditoria externa no uso de água.
Samsung: foi muito impactada pela crise dos semicondutores, o que levou a uma mudança do conselho de administração, que passou a ter supervisão de gastos de capital.
Nestlé: sob escrutínio por produzir alimentos ultraprocessados, adotou supervisão de profissionais da ciência da nutrição.
Os principais riscos, segundo Pavan Sukhdev
Instabilidade geopolítica
Inteligência artificial
Saúde do planeta
Novas ameaças à saúde humana
Mudanças no contrato social
O setor privado e a COP30
A primeira sessão de trabalho do 26° Congresso do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), ontem, foi uma espécie de pitch: rápidas dicas sobre a necessidade das empresas de não só participar, mas contribuir, com as discussões da COP30, que se realiza no próximo mês em Belém (PA). É um símbolo da importância que o assunto tomou na entidade que tem como objetivo melhorar a governança do setor privado.
Conforme Rodrigo Sluminsky, sócio-executivo da Gaia Silva Gaede Advogados, é essencial que as empresas dominem o que chamou de "sopa de letrinhas" característico das negociações das COPs. Uma década depois do Acordo de Paris, ponderou, agora é a hora de "fazer acontecer". E acrescentou que essas discussões também ocorrem em um "ambiente de recursos", não só financeiros, mas também de informação, sobre tendências e relacionamentos de negócios:
- O reconhecimento da responsabilidade das empresas, da sua função social, no âmbito da COP30, é a compreensão inclusiva do desenvolvimento. Pode-se chamar de ESG, pode-se dar qualquer nome, mas o essencial é colocar mais gente no processo. E como pediu o presidente da COP30 (embaixador André Corrêa do Lago), é preciso transcender mentalidades ultrapassadas. _
Entrevista - Bruno Chamas - Diretor de comunicação e marca da Nio
"Não é uma aventura momentânea"
Após comprar a carteira de clientes da Oi Fibra por cerca de R$ 5,7 bilhões, a Nio nasce com 4 milhões de clientes e dá seus primeiros passos no mercado de internet fibra ótica para residências e pequenas e médias empresas. Bruno Chamas, diretor da Nio, relata o desafio de tornar a empresa conhecida.
Como vocês chegaram à Oi Fibra?
A nossa aquisição é sobre a base de clientes da Oi Fibra, não adquirimos a empresa. A gente se coloca como uma startup em prol do cliente, de usar tecnologia e dados para evoluir.
Quanto representa, para a empresa, a operação no Rio Grande do Sul?
Temos 400 mil clientes, já nascemos líderes em fibra no Estado. Em Porto Alegre, são cerca de 80 mil clientes, ocupamos a segunda posição. É uma prioridade muito grande para a gente. Em 13 Estados e no Distrito Federal, somos líderes.
Como equilibrar expansão e consolidação da operação?
O primeiro passo, desde março, é comunicar com os nossos clientes. Só em junho começamos a buscar novos. As duas questões caminham junto, mas a prioridade é que nosso cliente saiba sobre nós e o que fazemos. Temos planos de longo prazo, para no futuro poder falar em liderança nacional. Não é uma aventura momentânea.
Quais os planos para crescer no Rio Grande do Sul?
A Nio não é dona da infraestrutura, aluga. Isso permite que a gente foque em marca, produto e atendimento ao cliente. Alugamos a rede da V.tal (que oferece infraestrutura para operadoras de telecomunicações) e temos, tanto em Porto Alegre quanto no Estado, mais de 1 milhão de possibilidades para crescer. Porto Alegre é o principal local de ataque.
Adquirir outras operações no Estado é uma forma de expandir?
Hoje, estamos preparados para crescimento orgânico. Sobre possibilidade de aquisição, sempre está em pauta, mas nada concreto agora.
A Nio pretende ter lojas?
A nossa ideia é não ter loja, até porque temos um único serviço, que é fibra. Pretendemos alavancar o canal digital, com experiência simples. _
GPS DA ECONOMIA
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