quinta-feira, 9 de outubro de 2025


Um cardápio de disrupções para os gestores de negócios

Em um mundo com guerras intermináveis e desastres ambientais como o vivido há pouco mais de um ano no RS, o tema do 26° Congresso do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), aberto ontem em São Paulo, reflete algumas das preocupações dos gestores de negócios: governança em um mundo disruptivo.

O cenário foi detalhado por Pavan Sukhdev, fundador e CEO da Gist Impact, descrito como "economista por vocação, banqueiro por ocupação e engenheiro ambiental por paixão". No painel "Navegando em mares revoltos: governança para sobreviver às disrupções dos próximos cinco anos", listou os principais riscos (confira no quadro), com a inclusão de pontos que não são tão óbvios. E advertiu:

- Todas as empresas têm externalidades. Se não medem o risco de hoje, não sabem que prejuízos podem ter amanhã. Não se pode gerenciar o que não se mede.

O desconhecido mais famoso do mundo

Sukhdev fez questão de explicar por que incluiu a inteligência artificial entre os riscos:

- Como ativo, a inteligência artificial pode ser usada de forma muito positiva, para aumentar a produtividade. Mas tem um aspecto negativo: nada indica que cibercriminosos não vão usar esses recursos. E o crime com IA será mais perigoso do que sem.

Para Sukhdev, o problema mais desafiador entre os cinco que apresentou é o que chama de "mudanças no contrato social". Avalia que há muita ambiguidade e incerteza nas relações de poder, e que a democracia está "desafiada". Perguntou à plateia do congresso quem já havia ouvido falar em Curtis Yarvin. Diante do silêncio, brincou:

- É a pessoa desconhecida mais famosa do mundo.

Depois do breve alívio cômico, voltou a falar sério. Disse que Yarvin é seguido por personagens como J.D. Vance, vice-presidente dos EUA:

- Uma de suas teses é de que a democracia é um software ultrapassado. _

*A colunista viajou a São Paulo a convite do IBGC

Riscos já afetam grandes multinacionais

Unilever: foi acusada de maquiar dados de sustentabilidade ambiental. O executivo responsável foi demitido e foi contratada auditoria externa no uso de água.

Samsung: foi muito impactada pela crise dos semicondutores, o que levou a uma mudança do conselho de administração, que passou a ter supervisão de gastos de capital.

Nestlé: sob escrutínio por produzir alimentos ultraprocessados, adotou supervisão de profissionais da ciência da nutrição.

Os principais riscos, segundo Pavan Sukhdev

Instabilidade geopolítica

Inteligência artificial

Saúde do planeta

Novas ameaças à saúde humana

Mudanças no contrato social

O setor privado e a COP30

A primeira sessão de trabalho do 26° Congresso do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), ontem, foi uma espécie de pitch: rápidas dicas sobre a necessidade das empresas de não só participar, mas contribuir, com as discussões da COP30, que se realiza no próximo mês em Belém (PA). É um símbolo da importância que o assunto tomou na entidade que tem como objetivo melhorar a governança do setor privado.

Conforme Rodrigo Sluminsky, sócio-executivo da Gaia Silva Gaede Advogados, é essencial que as empresas dominem o que chamou de "sopa de letrinhas" característico das negociações das COPs. Uma década depois do Acordo de Paris, ponderou, agora é a hora de "fazer acontecer". E acrescentou que essas discussões também ocorrem em um "ambiente de recursos", não só financeiros, mas também de informação, sobre tendências e relacionamentos de negócios:

- O reconhecimento da responsabilidade das empresas, da sua função social, no âmbito da COP30, é a compreensão inclusiva do desenvolvimento. Pode-se chamar de ESG, pode-se dar qualquer nome, mas o essencial é colocar mais gente no processo. E como pediu o presidente da COP30 (embaixador André Corrêa do Lago), é preciso transcender mentalidades ultrapassadas. _

Entrevista - Bruno Chamas - Diretor de comunicação e marca da Nio

"Não é uma aventura momentânea"

Após comprar a carteira de clientes da Oi Fibra por cerca de R$ 5,7 bilhões, a Nio nasce com 4 milhões de clientes e dá seus primeiros passos no mercado de internet fibra ótica para residências e pequenas e médias empresas. Bruno Chamas, diretor da Nio, relata o desafio de tornar a empresa conhecida.

Como vocês chegaram à Oi Fibra?

A nossa aquisição é sobre a base de clientes da Oi Fibra, não adquirimos a empresa. A gente se coloca como uma startup em prol do cliente, de usar tecnologia e dados para evoluir.

Quanto representa, para a empresa, a operação no Rio Grande do Sul?

Temos 400 mil clientes, já nascemos líderes em fibra no Estado. Em Porto Alegre, são cerca de 80 mil clientes, ocupamos a segunda posição. É uma prioridade muito grande para a gente. Em 13 Estados e no Distrito Federal, somos líderes.

Como equilibrar expansão e consolidação da operação?

O primeiro passo, desde março, é comunicar com os nossos clientes. Só em junho começamos a buscar novos. As duas questões caminham junto, mas a prioridade é que nosso cliente saiba sobre nós e o que fazemos. Temos planos de longo prazo, para no futuro poder falar em liderança nacional. Não é uma aventura momentânea.

Quais os planos para crescer no Rio Grande do Sul?

A Nio não é dona da infraestrutura, aluga. Isso permite que a gente foque em marca, produto e atendimento ao cliente. Alugamos a rede da V.tal (que oferece infraestrutura para operadoras de telecomunicações) e temos, tanto em Porto Alegre quanto no Estado, mais de 1 milhão de possibilidades para crescer. Porto Alegre é o principal local de ataque.

Adquirir outras operações no Estado é uma forma de expandir?

Hoje, estamos preparados para crescimento orgânico. Sobre possibilidade de aquisição, sempre está em pauta, mas nada concreto agora.

A Nio pretende ter lojas?

A nossa ideia é não ter loja, até porque temos um único serviço, que é fibra. Pretendemos alavancar o canal digital, com experiência simples. _

GPS DA ECONOMIA 

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