sexta-feira, 24 de outubro de 2025



24 de Outubro de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

Perdemos a batalha para o aquecimento global?

Dizer que o mundo não conseguirá limitar a 1,5°C a elevação da temperatura do planeta em relação aos índices pré-industriais é, com o perdão do trocadilho, um banho de água fria às vésperas da COP de Belém. Esse é o número mágico, argumento dos argumentos, para reduzir emissões de gases que provocam o efeito estufa e a meta repetida como mantra desde o Acordo de Paris, em 2015.

Diante de olhar pessimista, é quase como um "perdemos a batalha". Se o Protocolo de Kyoto, que comprometia, com metas, apenas países ricos, não conseguiu frear o aumento da temperatura, tampouco o acordo assinado na COP15, na capital francesa, que veio para substituí-lo, chegou lá. É o fracasso do regime do clima? Justamente em um momento em que o mundo está mais egoísta?

Não necessariamente. Quando o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirma que a meta de 1,5°C "já não será possível", ele não está dizendo "acabou a luta" - mas acendendo um alarme vermelho. A realidade científica exige que se mude de patamar: agir com mais intensidade, aceitando que os impactos serão mais graves, planejando para esse novo contexto e aumentando o nível de ambição e urgência.

E agora? O que muda? Se limitar a 1,5°C se torna cada vez mais improvável, a agenda internacional de clima precisa se ajustar para várias frentes:

1 | Mitigação forte: reduzir emissões drasticamente o mais rápido possível, não mais apenas visando "evitar 1,5°C", mas para limitar os danos futuros.

2 | Adaptação e resiliência: preparar sociedades, economias e ecossistemas para impactos maiores do que se esperava antes - porque o "cenário ideal" (limite de 1,5°C) está mais difícil.

3 | Maior importância das perdas e danos:

com risco aumentado de ultrapassagem do limite, cresce a necessidade de mecanismos para lidar com os impactos inevitáveis - eventos extremos, elevação do nível do mar, secas prolongadas etc. A discussão sobre "perda e dano" torna-se ainda mais central.

4 | A declaração de Guterres acentua que os países em desenvolvimento - que menos contribuíram para o aquecimento global, mas sofrem mais - têm de receber apoio financeiro, tecnológico e institucional para adaptação, recuperação e mitigação.

Em resumo: mesmo que 1,5°C seja difícil, não significa que se deve desistir das ambições climáticas. Ainda que a meta se torne "superada", alcançar o menor aquecimento possível, evitar 2°C ou até mais, atrasar ou reduzir impactos severos continua valendo muito. Em termos práticos: cada fração de grau importa. As mudanças tecnológicas, regulatórias e comportamentais devem avançar com mais rapidez e escala. Os setores que mais emitem (energia fóssil, transporte, agricultura intensiva) precisam de transformação mais rápida. _

Vídeo exibe briga entre brasileiros na Ucrânia

Um cidadão brasileiro foi preso na Ucrânia, após matar a facadas um compatriota, durante uma briga em um posto de combustível de Ternopil, no oeste do país. A informação foi divulgada pelo site ucraniano de notícias UNN. O incidente ocorreu na madrugada de domingo.

Um vídeo gravado por câmeras de segurança do estabelecimento mostra um dos rapazes desferindo golpes de faca contra o outro brasileiro. O autor do crime foi preso em flagrante. Segundo a imprensa local, ele seria ex-militar do Exército Brasileiro e estaria atuando como voluntário nas forças armadas da Ucrânia.

Os nomes dos envolvidos e o motivo do crime não foram divulgados. Fontes diplomáticas brasileiras confirmaram à coluna as informações. O Itamaraty não se manifestou. _

te liga

A prefeitura de Porto Alegre promoverá, no dia 2 de novembro, o Baita Aulão, uma revisão gratuita para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O objetivo é ampliar o acesso ao conteúdo do exame para jovens em situação de vulnerabilidade social da Capital.

O evento oferecerá revisão de matérias, dicas de redação, estratégias para a prova, orientações sobre preparo emocional e também suporte psicológico e social aos participantes. Será no Auditório Araújo Vianna, das 9h às 17h. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas pelo link: gzh.rs/aulao.

Um debate sobre direitos humanos

Entre hoje e amanhã, o Rio Grande do Sul sedia a 7a Conferência Estadual de Direitos Humanos (ConDH-RS) em preparação para a 13ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, marcada para dezembro, em Brasília. A programação contará com a participação do jurista Paulo Abrão, ex-secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e referência internacional na área. Ele abordará o tema "Desafios para a promoção e garantia dos direitos humanos no Rio Grande do Sul: consolidar a democracia, resistir aos retrocessos e avançar na garantia de direitos para todas as pessoas". _

Reitora da UFRGS em evento global

A reitora da UFRGS, Marcia Barbosa, está em Kigali, capital de Ruanda, onde participa de um evento da International Association Universities, que reúne mais de 120 universidades de todo o mundo. O tema deste ano é "Construindo confiança no Ensino Superior". Marcia falou sobre como atrair mais jovens para a Educação Superior de qualidade, usando a diversidade, a ciência aberta para todas as pessoas e o trabalho de escuta nos setores público, privado e comunidades.

- Esse é o canal para responder às fake news sobre universidades - disse à coluna. - O tema é mundial, e fui convidada a partir de uma apresentação que fiz na ONU em julho sobre o tema. _

Foz do Amazonas: ONGs processam governo

Organizações ambientalistas e redes indígenas, quilombolas e de pescadores artesanais entraram com ação na Justiça Federal do Pará contra o Ibama, a Petrobras e a União, pedindo anulação do licenciamento do Bloco FZA-M-59, que permitiu à Petrobras iniciar a perfuração de petróleo na Foz do Amazonas.

Na ação, protocolada na 9ª Vara da cidade de Belém, pedem liminar suspendendo imediatamente as atividades de perfuração, sob risco de danos irreversíveis ao ambiente. A ação aponta três vícios fundamentais na licença de operação, que ensejam sua nulidade: argumentam que o licenciamento atropelou povos indígenas e comunidades tradicionais; afirmam que o licenciamento tem falhas graves de modelagem que põem em risco a biodiversidade; e defendem que o licenciamento ignorou os impactos climáticos do projeto.

Também o MPF acionou a Justiça para tentar adiar a licença emitida. _

INFORME ESPECIAL

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