
NO VERMELHO
Correios buscam socorro de R$ 20 bi para equilibrar contas
Objetivo é utilizar o montante do empréstimo em operações para recuperação da empresa, além de assegurar nova fase do plano de demissão voluntária. Estatal teve prejuízo de R$ 4,37 bilhões no primeiro semestre deste ano, com despesas crescendo a um ritmo de 6% por ano
O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, confirmou que a estatal busca captação de empréstimos de R$ 20 bilhões com instituições financeiras, com garantias do Tesouro, para tentar normalizar a operação da estatal. Ele apontou, contudo, que o objetivo é voltar a ter lucro apenas em 2027.
O dirigente apresentou as linhas gerais da primeira fase do plano de reestruturação dos Correios e o pacote de medidas imediatas para reequilíbrio da sustentabilidade financeira da estatal, que registrou prejuízo de R$ 4,37 bilhões no primeiro semestre de 2025.
As perdas se acumulam desde o último ano do mandato de Jair Bolsonaro e foram agravadas sob a gestão do PT. Procurada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a estatal culpa a gestão Bolsonaro pela crise. Entre as explicações para a situação, estão taxação das "blusinhas", fim de monopólio de remessas, rombo do fundo de pensão dos funcionários e aparelhamento político, aponta reportagem de O Estado de S. Paulo.
- A operação de crédito visa reequilibrar a empresa nos anos de 2025 e 2026. Ter tempo de adotar as medidas que começam a impactar em 2026, para em 2027 a gente conseguir iniciar um ciclo de balanço no azul. Ou seja, lucro em 2027 - afirmou Rondon, que assumiu o cargo há um mês.
Segundo o presidente dos Correios, que concedeu entrevista à imprensa na sede da empresa em Brasília, as despesas vêm crescendo a um ritmo de 6% ao ano, incluindo a inflação, mas a estatal precisa reverter esse quadro e reduzir gastos. Um dos focos será a implementação de um novo programa de desligamento voluntário (PDV), além da venda de imóveis ociosos da estatal, que hoje geram custos de manutenção.
- O PDV anterior levou a um desligamento de 3,5 mil funcionários, o que vai nos gerar economia anual de R$ 750 milhões a partir do ano que vem. O (novo) PDV está sendo tratado de forma cuidadosa, para ver onde tem ociosidade, não de forma linear, para não perder operacionalidade - explicou Rondon.
Falta de adaptação
Em outra frente, ele explicou que o empréstimo visa reestruturar a companhia financeiramente, quitando débitos com fornecedores, além dar fluxo de caixa para operações do dia a dia. Rondon disse que o programa de reestruturação da empresa no curto prazo está pautado no corte de despesas, além da diversificação de receitas, com ampliação do portfólio de produtos e serviços:
- O objetivo final é de recuperação da empresa, recuperação estrutural para que a gente tenha uma nova empresa funcionando em parâmetros de estabilidade e de tranquilidade no futuro próximo.
Rondon apresentou o que chamou de diagnóstico do setor de serviços postais no mundo.
Ele citou empresas do Canadá, dos Estados Unidos e da Índia, que também vêm registrando prejuízos. Já entre os países em que o resultado é positivo, ele listou França, Japão e China. E argumentou que há hoje "um ambiente concorrencial bem mais robusto do que a gente tinha no passado", acelerado pela pandemia.
Segundo o dirigente, os Correios não se adaptaram de forma ágil à nova realidade, no pós-pandemia, "e essa falta de adaptação fez com que sofresse em termos de resultado, em termos de geração de caixa, em termos da operação em si".
- Nos últimos anos, de forma crescente, vem acontecendo a perda de marketshare, a perda de competitividade, fazendo com que tenha perda de receita. Essa perda de receita impacta o caixa. E ao impactar o caixa, falo principalmente nos últimos meses, vem afetando a operação, o que potencializa esse ciclo negativo - explicou Rondon.
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