quinta-feira, 30 de outubro de 2025


30 de Outubro de 2025
SUA SEGURANÇA

Humberto Trezzi

Matança não é uma solução inteligente contra o crime

Qual foi a lógica da operação contra o Comando Vermelho? Já sabemos que era planejada há meses, até porque algo precisava ser feito para deter a expansão da facção, que hoje domina a maioria das comunidades das zonas norte e oeste do Rio. Mas eram necessárias tantas mortes?

Duas hipóteses sobressaem. Uma delas é que os policiais perderam o controle emocional, após terem quatro colegas assassinados, além de outros feridos. Vídeos mostram agentes reclamando que a operação "vazou" e que foram surpreendidos pela balaceira dos traficantes.

A outra hipótese é que a intenção das autoridades era matar os bandidos e não prendê-los. São mais suspeitos mortos do que presos. Essa é uma lógica de guerra, porque ações policiais devem priorizar prisões e não o extermínio.

Muitos questionam: e qual o problema de matar bandidos? Em primeiro lugar, é preciso saber se são todos criminosos. Vídeos mostram quadrilheiros em fuga em direção à mata acompanhados de mulheres e crianças. Assassinato de inocentes é crime de guerra.

Não é questão de lamentar a morte de bandido, porque esse assumiu o risco. Mas matar criminoso traz um problema de ordem prática: o bandido morto é rapidamente substituído. É uma solução burra.

Existe saída? Talvez. Assisti à criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), postos policiais semeados nas principais comunidades do Rio. Durante anos foram um sucesso. Junto foram implantadas quadras esportivas, cursos profissionalizantes e escolas de turno integral. Como tudo, o projeto sofreu desgastes e padeceu com denúncias de corrupção. Mas é a melhor experiência já realizada no Brasil para diminuir a territorialidade do crime organizado. _

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