
Parceria com EUA em terras raras?
Agora há sinais de que os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, podem mesmo se encontrar durante a reunião de cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) nesta semana em Kuala Lumpur (Malásia). Ainda é apenas expectativa, mas há uma certeza: terras raras farão parte da conversa, onde e quando quer que ocorra. Esses minerais são o ponto de discórdia entre EUA e China que voltou a dominar o humor dos mercados desde que os chineses ameaçaram controlar a exportação desses produtos. O país asiático processa mais da metade desses materiais, e o Brasil tem de 15% a 20% das reservas.
Terras raras são cruciais não só para produtos de tecnologia, mas para a indústria de defesa, o que ajuda a explicar a obsessão americana. Uma possível fórmula envolveria abertura para investimentos americanos em mineração no Brasil, em troca da entrega de uma parte da produção. Em tese, seria uma boa parceria, o problema é... o atual parceiro. Trump vem sendo marcado por vaivéns, com discursos de paz entremeados por ameaças de guerra.
Certo é que o Brasil não consegue fazer sozinho a exploração dessa riqueza. Não foi por acaso que Lula fez questão de implantar o Conselho Nacional de Política Mineral no mesmo dia da conversa com Trump por telefone. E de avisar:
- Tenho lido muito sobre terras raras e minerais críticos, estou estudando para ninguém me enganar. O Brasil não quer ser isolado do mundo, não. Eu disse ao Trump que não tem limite na nossa conversa, vamos colocar na mesa tudo o que acha que precisa conversar. No caso do Brasil, a gente tem que ganhar, tem que ser um acordo de ganha-ganha.
No lançamento do conselho, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou que teria reunião com o secretário de Energia dos EUA, Chris Wright, para trazer capital americano. Se os EUA ainda fossem a inabalável maior democracia do planeta e fiador da paz, seria uma parceria tranquila. Com um líder tão imprevisível, a incerteza vai precisar de garantias extras. _
Cério, érbio, európio, escândio, disprósio, gadolínio, hólmio, itérbio, ítrio, lantânio, lutécio, neodímio, praseodímio, promécio, samário, térbio e túlio. Uma das menos desconhecidas é o neodímio, com propriedades magnéticas, usado em superímãs para motores de carros elétricos, turbinas eólicas e eletrônicos.
Milei tem motosserra e nós, chave de fenda, diz Haddad
Ao avisar que o governo tentará recompor quase todas as medidas previstas na MP 13.003, que a Câmara deixou caducar, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad comparou, ontem:
- Milei tem uma motosserra para fazer ajuste fiscal, e está levando Argentina a breca. Estamos com uma chave de fenda na mão, apertando parafuso, tirando privilégio de quem gozava de privilégios insustentáveis.
"Levar a breca" (sem crase) significa "levar a pior", ou simplesmente "quebrar"... Haddad deu entrevista à Globonews durante a qual afirmou que dois projetos de lei serão encaminhados ao Congresso para tentar viabilizar o orçamento de 2026. Um teria as propostas de corte de gastos, como aperto em benefícios como seguro-defeso e BPC, mais compensação tributária. O outro elevaria a tributação das bets e das fintechs. E disse:
- O presidente faz questão que Congresso se debruce sobre o tema, que está trazendo danos, inclusive para a saúde pública. Toda majoração é para cuidar das pessoas que vivem situação de dependência de jogo.
Ambos tentarão carona em matérias que já tramitam para possível votação ainda nesta semana. _
Um projeto de R$ 1,4 bilhão para minerar ouro no RS
A implantação de uma mina de ouro em Lavras do Sul, na região da Campanha, vai somar investimento de cerca de US$ 250 milhões (R$ 1,4 bilhão na cotação atual) para viabilizar a produção anual de 100 mil onças de ouro (3.120 kg), com 850 empregos diretos a partir de 2028.
Subsidiária da empresa canadense Lavras Gold, a Lavras do Sul Mineração (LDSM) estima já ter aplicado R$ 225 milhões em seu projeto em área de 23 mil hectares. Com duas sondas em operação, a empresa está em fase de pesquisa na região.
A onça troy de ouro (medida equivalente a 31,1 gramas), alcançou há poucos dias cotação recorde de US$ 4.381,52. Depois, até teve queda forte, de quase 3%, mas segue em um dos patamares mais elevados da história.
- O RS tem potencial gigantesco para se tornar um dos principais Estados produtores de minérios no país - afirma o presidente da LDSM, Paulo Serpa, em nota.
O projeto em Lavras do Sul é considerado a principal frente de atuação da empresa no Brasil. A companhia também relata aportes em iniciativas socioambientais no local, como o Projeto Viver, para conservação do bioma Pampa por meio da organização de viveiros de mudas e hortas com as espécies típicas da flora regional. _
O milionário mistério do fumo
O Rio Grande do Sul nunca exportara mais de US$ 26,5 milhões em tabaco para a Suíça em um ano. Até setembro, quando, em um só mês, os embarques somaram US$ 52,3 milhões, quase o dobro da máxima anual.
De repente, os suíços "descobriram"? Ou a Suíça estaria sendo usada para driblar o tarifaço de 50%?
O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Valmor Thesing, esclarece que é uma venda de cerca de 10 milhões de quilos de tabaco de empresa com unidade no RS a outra com sede em Genebra.
- O volume e o valor são significativos. Mas em um ano, o Brasil exporta 500 milhões de quilos. Não é tão grande, mas significativo por ter sido pontual e pelo embarque se dar em uma janela pequena - diz Thesing.
O executivo não revela as empresas, só que ambas são associadas ao SindiTabaco. Operam na Suíça, com presença no RS, a japonesa JTI e a britânica BTA. Thesing relata que, antes do tarifaço, o setor conseguiu fazer 70% dos embarques aos EUA. Outros 30% estão parados. _
BRDE mais perto da Faria Lima
Considerada a segunda maior instituição pública de fomento do país, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) passa a integrar a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A formalização ocorre na sexta-feira.
A federação que representa 98% dos ativos totais das instituições bancárias que atuam no Brasil tem sede na Avenida Brigadeiro Faria Lima, símbolo do mercado financeiro no país.
Na prática, a adesão à Febraban significa permanente atualização das práticas da equipe do BRDE no que se refere ao sistema normativo e regulatório do setor, melhoria dos serviços financeiros e redução dos níveis de risco. _
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