
Custos previsíveis da negociação do tarifaço
Os Estados Unidos assinaram ontem com o Japão um acordo que envolve terras raras. É o quinto acerto com países asiáticos feito na viagem de Donald Trump ao continente. Dá uma ideia do custo que podem significar para o Brasil as negociações para alívio no tarifaço.
O abastecimento de terras raras processadas se tornou a obsessão número 1 de Trump depois que a China ameaçou parar de fornecer. O gigante asiático concentra mais da metade do processamento desses 17 minerais que exigem tecnologia para extração e preparação para uso. O Japão é outro raro país que processa.
Como o Brasil tem a segunda maior reserva identificada de terras raras no planeta, será tema incontornável, mas não o único. Outro complexo e previsível é o da regulação das big techs. Embora já tenha rompido de forma ruidosa com um deles - seu ex-assessor Elon Musk -, Trump teve na sua posse quase todos os donos dessas empresas que redefiniram a hegemonia americana.
Big techs na mira do USTR
O Brasil tem medida provisória em vigor com previsão de monitoramento de barreiras à concorrência que causaram multas milionárias às big techs na União Europeia. E está na investigação em curso do Representante de Comércio dos EUA (USTR na sigla em inglês), cujo titular, Jamieson Greer, participou da reunião de Trump com Lula e da primeira rodada técnica entre os dois países, no dia 27.
Um ponto menos delicado, mas que também pode virar custo, envolve as tarifas na entrada de produtos americanos no Brasil. Nesse capítulo, são considerados estratégicos para os americanos automóveis, máquinas e eletroeletrônicos, além do etanol, que enfrenta aqui alíquota de 18% enquanto lá era de 2,5% até o tarifaço.
Conforme a Organização Mundial do Comércio (OMC), a tarifa média aplicada pelo Brasil na importação de produtos americanos é de 5,5%. Sobre os produtos agrícolas, é quase o dobro: 9,3%. A ambição brasileira é fazer uma nova rodada técnica na próxima semana, para acelerar um acordo que poderia ser anunciado durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Washington. Vai ter muita conta para fazer. _
Estudo aponta setores com potencial lá fora
Com boa parte das vendas gaúchas ao Exterior afetada pelo tarifaço dos Estados Unidos, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) fez um estudo chamado Oportunidades de Exportação e Investimentos - RS. É destinado a apoiar os Estados nos esforços de conquista de mercados e atração de investimentos estrangeiros.
Além de confirmar que a China (26,2%) é o maior comprador, traz a informação de que o RS depende menos dos Estados Unidos (8,4%) do que a média nacional, ao redor de 12% antes do imposto de 50% que afetou várias mercadorias. É mais afetado, mas em proporção menor de comércio.
O mapa aponta 11.327 oportunidades em 169 setores, com destaque para máquinas agrícolas, ferramentas para uso manual ou em máquinas, calçados, farelos de soja, carnes de aves e celulose. Os mercados mais promissores incluem países da América do Sul, como Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru, Bolívia, além de Guatemala e Angola.
Em 2024, o RS se consolidou como segundo maior exportador da Região Sul e sétimo no Brasil, com US$ 21,9 bilhões. O estudo identifica setores com boa estrutura produtiva local, mas baixa inserção internacional. Entre os que podem prospectar clientes no Exterior, cita artefatos de concreto, vidro, defensivos agrícolas e artigos de malharia/tricotagem, que combinam capacidade de oferta e potencial de geração de emprego e renda. _
US$ 77,3 bi
foi o valor de mercado (preço da ação multiplicado pela quantidade) que o Nubank alcançou ontem. Ultrapassou Petrobras, por décadas, a empresa mais valiosa do Brasil. Equivale a R$ 414,5 bilhões pelo câmbio atual. Nubank tem ações na Bolsa de Nova York (Nyse) desde dezembro de 2021. E sua cotação subiu desde que anunciou intenção de abrir um banco nos EUA, tarefa a cargo de Roberto Campos Neto, ex-presidente do BC e, desde julho, vice-presidente do conselho de administração da ainda fintech.
carro na tomada
Em parceria com a Lojas Lebes, a Esquina do Futuro vai abrir mais cinco unidades de carregamento elétrico no RS. Os novos eletropostos já estão prontos em Santa Maria (Avenida Pref. Evandro Behr, 6.745, bairro Camobi) e Lajeado (Avenida Benjamin Constant, 1.320). E serão instalados em novembro em Rolante, Caxias do Sul e Eldorado do Sul. A aliança faz parte de um projeto de R$ 10 milhões, unindo o Chuí a Torres em malha elétrica.
Quatro licenças para buscar petróleo na Bacia de Pelotas
Dos cinco processos de licenciamento ambiental em tramitação para explorar petróleo na Bacia de Pelotas, quatro avançaram após parecer favorável do Ibama. Como as autorizações são para pesquisa sísmica 3D, ainda não haverá perfuração, só estudo sofisticado do solo.
A TGS, que tem escritórios na Noruega e nos Estados Unidos, é responsável por duas licenças. A francesa Viridien vai operar as outras duas. Os planos de atividade estão sendo definidos.
Pelo cronograma inicial, todos os estudos devem ocorrer a uma distância de ao menos 96 quilômetros da costa, em profundidades que variam de 200 a 4 mil metros. Duas das quatro licenças com parecer favorável - uma da TGS e outra da Viridien - autorizam operação na parte sul da Bacia de Pelotas, em território gaúcho. A Bacia de Pelotas se estende do litoral sul catarinense até perto de Cabo Polônio, no Uruguai.
As primeiras empresas a obterem licença para pesquisa sísmica 3D na Bacia de Pelotas foram Shearwater e Searcher Seismic, que haviam informado, em junho do ano passado, ter iniciado a atividade. Após uma pausa, vão retomar na segunda quinzena de novembro - ou seja, dentro de pouco mais de 15 dias.
O Ibama afirma que ainda há outro processo de licenciamento ambiental em avaliação na Bacia de Pelotas, para a empresa SLB WesternGeco. Por necessidade de "aprofundamento por parte da equipe técnica", a concessão segue em análise. A licença, segundo o cronograma inicial, seria para pesquisa sísmica 3D em área no litoral gaúcho.
O que é pesquisa sísmica
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