
O desafio de reconstruir Gaza
Depois da assinatura do cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, um dos temas mais relevantes, no dia seguinte, é a reconstrução da Faixa de Gaza. O território acumula milhares de edifícios danificados ou totalmente destruídos, com impactos profundos em áreas que vão além da infraestrutura em si, mas afetando também setores como educação e saúde.
Mas quem se envolveria na reconstrução? Quem pagaria a conta?
Recentemente, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que os EUA participarão do processo, mas que a maior parte da responsabilidade pela reconstrução caberia a países do Oriente Médio. Em discurso no parlamento israelense na segunda-feira, ele citou também o envolvimento de nações europeias.
Durante o encontro em Sharm el-Sheikh, no Egito, para a assinatura do cessar-fogo, o presidente egípcio, Abdel Fattah Al-Sisi, afirmou que seu país organizará uma conferência sobre a reconstrução da área.
Balanços
A dimensão do desafio é colossal. Dados de julho do Centro de Satélites das Nações Unidas (UNOSAT) apontam que cerca de 193 mil edificações em Gaza foram destruídas ou danificadas. Um relatório divulgado ontem por ONU, Banco Mundial e União Europeia (UE) apontou que a reconstrução deverá custar US$ 70 bilhões. O valor é 30% maior que o dado divulgado em fevereiro, que estimou US$ 53 bilhões.
No entanto, na última quarta-feira, o primeiro-ministro da Palestina, Mohammad Mustafa, afirmou que a cifra pode chegar a cerca de US$ 80 bilhões.
Paralelamente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou na semana passada que apenas para reconstruir o setor de saúde em Gaza seriam necessários mais de US$ 7 bilhões.
O recurso seria aplicado em diversos setores: um relatório do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), do final de 2024, por exemplo, indicava que mais de 90% das unidades habitacionais no território foram danificadas ou destruídas. Outro estudo, de outubro de 2024, conduzido pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente em colaboração com o Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD), estimou que os bombardeios geraram mais de 50 milhões de toneladas de escombros.
Já o relatório Guerra de Gaza: Impactos socioeconômicos esperados no Estado da Palestina, divulgado pelo PNUD e pela Comissão Econômica e Social da ONU para a Ásia Ocidental (ESCWA) em outubro de 2024, concluiu que o conflito até então (à época, completava um ano), somado à escalada de violência na Cisjordânia, atrasou o desenvolvimento da Palestina em cerca de 69 anos.
E o tempo?
Um dado da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento de janeiro de 2024 revelou que, se a operação militar israelense terminasse naquele instante (ou seja, apenas três meses depois de seu início) e a reconstrução fosse iniciada no dia seguinte, Gaza levaria até o ano de 2092 somente para restaurar os níveis do PIB de 2022, antes do começo do conflito.
Poucos meses depois, em maio, o Programa da ONU para o Desenvolvimento afirmou que Gaza precisaria de "aproximadamente 80 anos para restaurar as unidades habitacionais destruídas". _
Um dos principais glaciologistas da América Latina, o professor do Instituto de Geociências da UFRGS Jefferson Simões foi eleito para a Academia Mundial de Ciências (TWAS), vinculada à Unesco.
Prêmio reconhece boas práticas de cooperativas
O Sistema Ocergs realizou a primeira edição do Prêmio SomosCoop Melhores do Ano RS, que reconheceu boas práticas das cooperativas nas áreas de inovação, ESG, gestão e intercooperação.
A iniciativa evidencia o papel do cooperativismo para o desenvolvimento sustentável no Estado - setor que envolve mais de 4 milhões de pessoas e responde por quase 14% do PIB do Rio Grande do Sul. _
Fundo para as florestas na COP30
Um dos pontos fortes da COP30 será o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Liderada pelo governo brasileiro, a iniciativa tem como objetivo fomentar a conservação ambiental em escala global. O mecanismo fará pagamentos a países em desenvolvimento que garantam a conservação de florestas tropicais úmidas e poderá se tornar um dos maiores fundos multilaterais já criados.
- Ele vai captar recursos não por doação, mas por meio da criação de um fundo de investimento que gere receita, como qualquer fundo gera lucro. E esse lucro é que será utilizado para fazer o pagamento aos países. O país não tem obrigação financeira nenhuma; ele apenas precisa entregar a floresta bem conservada, protegida e sem desmatamento - explicou o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Garo Batmanian.
Um dos grandes diferenciais do TFFF é que, em vez de calcular a média do desmatamento em um país e convertê-la em carbono, o financiamento irá pagar por hectare de floresta em pé.
Recursos
A expectativa é de o fundo alcançar US$ 125 bilhões e, para isso, nações investidoras e outras fontes vão garantir um aporte de US$ 25 bilhões nos primeiros anos do TFFF. Com essa injeção, será possível alavancar mais US$ 100 bilhões do setor privado nos anos seguintes. O Brasil, por exemplo, já anunciou que fará uma contribuição de US$ 1 bilhão ao fundo:
- Nós propomos um fundo que não compete com os mecanismos já existentes. Ele complementa e traz novos recursos de uma fonte que atualmente não está investida.
Multilateralismo
No total, mais de 70 países em desenvolvimento com florestas tropicais poderão receber recursos do fundo. Biomas como a Mata Atlântica, a Amazônia, as florestas da Bacia do Congo e do Sudeste Asiático estão entre os que podem ser beneficiados.
Batmanian ressaltou que, durante a Cúpula da Amazônia, realizada em agosto na Colômbia, os presidentes dos países amazônicos manifestaram apoio ao TFFF. Além disso, os ministros do Meio Ambiente dos seis maiores nações da Bacia do Congo também se posicionaram a favor do projeto. A iniciativa também foi discutida na Cúpula do Clima na África, em setembro, onde recebeu apoio de participantes.
INFORME ESPECIAL
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