sexta-feira, 24 de outubro de 2025



24 de Outubro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Estatais agravam rombo de R$ 27,1 bi

Enquanto o governo tenta buscar recursos, a Instituição Fiscal Independente (IFI), conhecida como "xerife das contas públicas", calcula em R$ 27,1 bilhões o rombo que precisa ser coberto no último trimestre para cumprir a meta fiscal neste ano.

Em relatório publicado ontem, com dados do Tesouro Nacional e do Siga Brasil, a IFI afirma que o governo central acumula déficit primário de R$ 100,9 bilhões até setembro. Decorre da perda de eficácia da Medida Provisória 1.303, com R$ 10,6 bilhões a menos em receitas, e a piora no déficit primário das empresas estatais.

A intenção do governo é obter redução de gastos e aumento de receitas com o encaminhamento de dois projetos de lei ao Congresso que replicam as propostas que a Câmara dos Deputados deixou caducar. Se não conseguir, terá de bloquear gastos de R$ 27,1 bilhões em pouco mais de 70 dias, o que resta de 2025.

No dia em que o Correios apresentou nova alternativa para financiar os R$ 20 bilhões de que precisa para sobreviver - um fundo imobiliário para ajudar a obter receita -, a IFI detalhou resultados negativos das estatais que estão agravando o buraco.

Conforme os dados, tem prejuízo que pesa mais do que o dos Correios: o da Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), vinculada à Marinha, para "promover a indústria militar naval brasileira". As duas respondem por mais da metade (R$ 5 bilhões) do rombo de estatais, de R$ 9,2 bilhões.

A Emgea que aparece na tabela é uma empresa pública federal vinculada ao Ministério da Fazenda, que faz gestão de ativos da União e de integrantes da administração pública federal. Na prática, administra carteiras de operações de crédito - imobiliário, comercial e do setor público. _

Empresa R$ milhões

Emgepron 2.668

Correios 2.379

Hemobrás 935

Emgea 915

Serpro 815

Demais 1.458

Total com ajuste 9.191

Obs.: inclui estatais não dependentes do Tesouro, exceto as do setor financeiro, Petrobras e ENBPar (energia nuclear).

Fonte: Instituição Fiscal Independente (IFI)

Apesar da tensão entre EUA e Rússia, o dólar fechou em baixa de 0,2%, em R$ 5,386, enquanto a bolsa subiu 0,59%, para 145,7 mil pontos. Teve ajuda da alta nas ações da Petrobras (1,14%), que se valoriza com a decolagem do barril.

Dólar indomável e crise no governo Milei

Em dificuldade para frear a disparada do dólar mesmo com swap cambial (troca de moedas) de US$ 20 bilhões dos Estados Unidos, o governo da Argentina enfrenta uma crise que envolve o apoio de Donald Trump. A renúncia do ministro de Relações Exteriores, Gerardo Whertein, expôs a divisão interna às vésperas das eleições parlamentares de domingo.

Milei previa reforma ministerial depois do pleito, mas Whertein saiu batendo a porta, sem considerar o impacto da exposição pública dos desentendimentos. Em represália, "vazaram" informações de que até tradutor faltou no encontro com Trump que, agora, é chamado publicamente de fracasso, atribuído a Whertein.

Mesmo com ajuda do Tesouro americano, que compra pesos e vende dólares há semanas, em atuação rara, a cotação segue encostada no teto da banda cambial negociada com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Ontem, apesar de leve recuo, o dólar oficial fechou acima de 1,5 mil pesos.

A estimativa é de que o BC da Argentina e o Tesouro americano tenham ofertado US$ 5 bilhões nos últimos três meses - sem sucesso. Na quarta-feira, os depósitos privados em dólares chegaram ao maior nível em 24 anos, ao redor de US$ 35 bilhões. Conforme o site especializado em economia Ámbito, é um recorde desde os meses anteriores ao fim da conversibilidade (um peso igual a um dólar), no início de 2022.

O assunto virou manchete da edição impressa do jornal britânico Financial Times: "Investidores apostam que a Argentina vai desvalorizar apesar de resgate de US$ 40 bilhões dos EUA". _

RS é "só" 11º que sofre com tarifaço

As exportações gaúchas para os Estados Unidos caíram a menos da metade em setembro, na comparação com o mesmo mês de 2024, mas o Estado é "apenas" o 11º mais afetado pelo tarifaço de Donald Trump. O levantamento é do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre). Considera impactos regionais da tarifa de 50% em setembro, segundo mês de vigência da sobretaxa. Dos cinco Estados mais afetados, dois estão no Nordeste (Alagoas e Piauí). O Acre, por exemplo, perdeu quase tudo. _

Estado Redução em %

Acre 99,9

Mato Grosso 81

Tocantins 74,3

Alagoas 71,3

Piauí 68,3

Rio Grande do Norte 65

Pernambuco 64,8

Mato Grosso do Sul 57,8

Paraná 56,3

Santa Catarina 54,9

Rio Grande do Sul 51,5

Obs.: comparação entre valor exportado em setembro de 2024 e setembro de 2025

Fonte: FVG Ibre - Petróleo dispara com tensão entre Rússia e EUA

O preço do petróleo disparou ontem, depois de dias de alívio com o cessar-fogo entre Hamas e Israel. A cotação que é referência global, a do barril tipo brent, decolou 5,4% ontem, para US$ 66.

O principal motivo da alta são novas sanções contra a Rússia anunciadas por Estados Unidos e União Europeia. As primeiras medidas adotadas pelo atual governo de Donald Trump contra seu "amigo" Vladimir Putin atingiram duas petroleiras, Rosneft e Lukoil. A primeira é uma das maiores do mundo, com 75% de capital estatal. A Lukoil é a segunda maior russa.

O anúncio foi feito pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, que atribuiu a decisão "à recusa do presidente russo de terminar essa guerra sem sentido".

A reação verbal da Rússia às sanções de Trump, ontem, foi violenta e ficou a cargo do ex-presidente e vice-presidente do Conselho de Segurança do país, Dmitry Medvedev:

- Os EUA são nosso inimigo, e seu falastrão pacificador agora entrou de vez no caminho da guerra contra a Rússia. As decisões tomadas são um ato de guerra contra a Rússia. E agora Trump se solidarizou completamente com a insana Europa.

No caso da UE, trata-se do 19º conjunto de sanções, que desta vez atingem bancos russos, bolsas de criptomoedas e "entidades" da Rússia na China e na Índia. Ainda prevê "bloqueio total" a importações de gás natural liquefeito (GNL), mas só a partir de 2027. A Europa ainda depende desse combustível para aquecimento no inverno.

Se uma perspectiva de paz regional frágil fez o preço recuar, agora a cotação sobe com temor, nada mais, nada menos, sobre a manutenção da paz mundial. 

GPS DA ECONOMIA 

Nenhum comentário: