quarta-feira, 2 de julho de 2025



02 de Julho de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

Interesses do Mercosul têm de ficar acima das rusgas

São conhecidas as rusgas entre os presidentes Lula e Javier Milei. Na época da eleição argentina, em 2023, o ultraliberal acusou o brasileiro de interferir na disputa em favor do adversário kirchnerista Sergio Massa. Eleito, Milei chamou Lula de "corrupto", "comunista" e "dinossauro idiota". O brasileiro exigiu desculpas e não foi na posse.

De lá para cá, os encontros foram protocolares - o principal deles no G20, no Rio de Janeiro. Começa hoje em Buenos Aires o encontro do Mercosul, e amanhã, quando devem se encontrar, os dois não terão muita alternativa para desviar o olhar. Terão de se aturar por alguns instantes, principalmente porque haverá uma troca de bastão. O Brasil assume da mão dos argentinos a presidência pro tempore do Mercosul.

Respeito é fundamental

Ninguém espera troca de gentileza entre Lula e Milei. Mas, além de respeito, seria importante que, no mínimo, os líderes das duas principais nações da América do Sul colocassem os interesses do bloco acima de vaidades pessoais e ideologias. Afinal, na pauta há temas fundamentais: além do acordo Mercosul-União Europeia, cuja expectativa, apesar dos pesares, é de ratificação, pelos parlamentos europeus, até dezembro, existe a expectativa de cooperação na área da segurança.

Atenção para a busca por uma voz uníssona para ser levada à COP30, em Belém, em torno do combate às mudanças climáticas. Durante a cúpula, há expectativa por um programa Mercosul Verde, com foco na promoção da agricultura de baixo carbono e na expansão das exportações agrícolas sustentáveis. Durante a COP29, Milei retirou sua delegação de Baku. Em casa, estará mais à vontade para ser voz dissonante. _

Outro território do RS que o Uruguai reivindica

Se você ficou curioso com o fato de o Uruguai reivindicar um naco de terra no Rio Grande do Sul, saiba que existe outra área que os vizinhos reclamam como sua. Fica no município de Barra do Quaraí. A Ilha Brasileira, de 200 hectares, é chamada pelos uruguaios de Isla Brasileña.

Lá, a disputa é mais antiga do que a de Vila Albornoz (que os uruguaios consideram parte de Rincón de Artigas). Para o Brasil, a Ilha Brasileira está na foz do Rio Quaraí, que delimita fronteira. Para os uruguaios, o território fica ao sul da foz, já no Rio Uruguai, portanto, na sua área de soberania. _

Resposta à Economist

Após a publicação de artigo da revista The Economist no fim de semana, que afirma que o presidente Lula perdeu influência no Exterior e popularidade interna, o governo brasileiro reagiu e enviou ontem carta ao veículo.

O documento sustenta que Lula mantém coerência com os "quatro pilares essenciais à humanidade e ao planeta: democracia, sustentabilidade, paz e multilateralismo".

A The Economist criticou o posicionamento do Brasil contrário aos ataques dos EUA ao Irã no contexto do conflito com Israel. Sobre o tema, o Itamaraty disse: "Nossa condenação se deve ao fato elementar de que essas ações constituem flagrante violação da Carta da ONU, ferindo, em particular, as normas da Agência Internacional de Energia Atômica".

Por fim, a carta conclui: "O respeito à autoridade moral do presidente Lula é indiscutível." _

Dom Jaime reforça convite ao Papa para a COP30

O arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, reforçou o convite ao papa Leão XIV para participar da COP30, que ocorrerá em Belém, em novembro. O encontro entre o cardeal e o Pontífice ocorreu na manhã de ontem no Vaticano.

Dom Jaime participou do encontro representando o Conselho Episcopal Latino- Americano (Celam), do qual é presidente. O foco foi a entrega do documento Um chamado por justiça climática e a casa comum: conversão ecológica, transformação e resistência às falsas soluções. O texto reúne os principais pontos de defesa, propostas e denúncias feitas pela Igreja em relação à crise climática e às questões em debate na COP30.

O documento afirma que não se deve abandonar as metas de limitar o aquecimento global a 1,5°C, a fim de evitar efeitos catastróficos. Também destaca que "as nações ricas devem pagar sua dívida ecológica com um financiamento climático justo", além de defender o fim dos combustíveis fósseis e a proteção dos povos indígenas e tradicionais, entre outros pontos.

- Não há justiça climática sem conversão ecológica, e não há conversão ecológica sem resistência a falsas soluções - afirmou Dom Jaime, em coletiva de imprensa na Santa Sé, acrescentando:

- Denunciamos o mascaramento de interesses sob nomes como "capitalismo verde" e "economia de transição", que perpetuam lógicas extrativistas e tecnocráticas. Rejeitamos a financeirização da natureza, mercados de carbono, as chamadas "monoculturas energéticas", a recente abertura de novos poços de petróleo, ainda mais grave na Amazônia, e a mineração abusiva em nome da sustentabilidade.

Convite

Segundo dom Jaime, o governo brasileiro já encaminhou o convite formal ao Pontífice para participar da COP30.

- O que ele nos diz é: existe a agenda do Jubileu em Roma, concentrada na segunda quinzena de novembro. Está aberta a possibilidade de adequação à agenda do Papa. Ele tem, de fato, consciência da importância e do lugar da palavra da Igreja nesse contexto - disse o cardeal. 

INFORME ESPECIAL 

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