A dor e a gratidão
Impossível imaginar a dor de quem perdeu tudo. A chuvarada arrastou vidas, casas, sonhos, praças, ruas e pontes. Destruiu canteiros de flores e paredes que pareciam sólidas. Fraturou famílias e afogou histórias, para sempre perdidas.
Precisamos melhorar nosso jeito de construir moradias e cidades, precisamos ouvir o que a natureza vem nos dizendo há décadas. Tudo isso é fundamental. Mas, hoje, quero agradecer. Neste momento, milhares de gaúchos e de gaúchas mobilizam suas energias para ajudar. Mesmo com o risco de esquecer alguém, vai aí um abraço apertado e um baita muito obrigado aos bombeiros, aos integrantes da Defesa Civil, aos ministros, ao governador, aos deputados e aos vereadores, que deixaram as divergências de lado e se uniram, aos prefeitos, secretários e servidores de cada município, que estão há dias sem dormir. Aos médicos, aos enfermeiros e aos auxiliares de enfermagem, aos gestores dos hospitais, aos assistentes sociais, aos voluntários, aos cozinheiros, aos vizinhos que acolhem, aos empresários e trabalhadores que doam.
Aos que têm fé e rezam, aos que têm força nas mãos e fazem. Aos lixeiros, aos garis, aos comerciantes que não subiram seus preços sem necessidade, aos jornalistas que informam, aos padres, pastores e demais líderes religiosos que consolam. Aos professores que educam e abraçam, aos policiais. A quem mora longe, às vezes do outro lado do mundo, e se importa. Muito obrigado também a todos os que não citei e que se movem, não em busca de reconhecimento, mas de justiça e dignidade.
As chuvas destruíram muitas coisas. Mas regaram e nutriram a esperança e a solidariedade. Não há dilúvio que as enfraqueça. Por maior que seja a desolação, amanhã o sol volta. As feridas viram cicatrizes, jamais esquecidas. É preciso seguir em frente. Para isso, nascemos com o dom da esperança.
Quando as ruas estiverem limpas, os mortos enterrados, as praças renascerem, as crianças voltarem às escolas, o ontem ficará menor do que o amanhã. Mas agora é hora de ajudar e de agradecer. É hora de acolher e de abraçar. O resto espera. O resto, o depois nos ensinará. Ajude como puder. E se não puder doar nada material, deseje algo de bom a quem está logo ali e precisa. Assim se faz uma comunidade. Todos ajudam cada um. Cada um ajuda todos.
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