sexta-feira, 22 de setembro de 2023


Stalingrado e a face devastadora da guerra em romance imortal

Stalingrado (Alfaguara, 1056 páginas, R$ 189,90, tradução de Renato Marques de Oliveira), obra do genial escritor ucraniano Vassili Grossman (1905-1964), é um dos maiores romances do século XX: tem sido considerado o Guerra e Paz dos tempos modernos, e o prestigiado jornal The Economist comparou o trabalho de Grossman com Homero.
Stalingrado é o primeiro volume do díptico que, junto com Vida e destino, é considerado como um dos maiores clássicos da literatura de guerra.
Em abril de 1942, Hitler e Mussolini se encontram em Salzburgo, onde decidem atacar novamente a União Soviética. A investida logo se intensifica, e o exército vermelho é obrigado a regressar ao centro industrial de Stalingrado. Aproximadamente duas milhões de pessoas morreram, e o esforço gigantesco dos soviéticos e o esgotamento das forças alemãs resultaram em uma vitória soviética. Foi o maior conflito da Segunda Guerra Mundial.
No centro do romance está a familia Chápochnikova, cuja matriarca se recusa a deixar Stalingrado, mesmo com o rápido avanço das tropas alemãs. Ludmila, sua filha, se vê frustrada e infeliz no casamento com Viktor Chtrum, que desenvolve pesquisa que pode ser crucial para os militares, mas que tem o pensamento voltado para a Ucrânia, perdida atrás das linhas inimigas.
Vassili Grossman, correspondente de guerra, viveu tudo de perto e, com profunda compaixão e potência, narra em Stalingrado a crueldade de um regime opressor e os horrores da guerra, sem jamais perder de vista a essência fugaz e delicada da existência humana.
Grossman é um mestre no retrato de personagens, com um talento singular para transmitir os sentimentos de indivíduos por meio de detalhes ínfimos, porém de um nítido realismo, escreveu Robert Chandler na introdução desta obra que homenageia os mortos, especialmente os esquecidos, os que morreram em pequenas batalhas nos primeiros meses da guerra.
Stalingrado é um clássico de leitura indispensável, que, ademais, explica muito do autoritarismo que ainda segue por aí.
 Lançamentos
• Na escuridão, amanhã (Dublinense, 128 páginas, R$ 59,90), romance do escritor Rogério Pereira, finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, traz um casal e seus três filhos que saem do campo rumo à cidade e se perdem uns dos outros. "Uma das narrativas mais fortes entre as que já li, dessas que a gente não esquece", disse Raduan Nassar sobre a obra.
• Louças de família (Autêntica Contemporânea, 280 páginas), de Eliane Marques, nascida na fronteira entre o Brasil e o Uruguai, parte da morte da tia Eluma para percorrer o fio até a primeira ancestral materna e parentes, mulheres que limparam os pés nas pedras dos arroios lavando a roupa suja dos brancos.
• A Casa das Sete Mulheres (Maralto, 120 páginas, R$ 61,90) é a versão em quadrinhos do romance de Leticia Wierzchowski pela quadrinista, ilustradora e colorista Verônica Berta, com roteiro de Leticia. Os eventos da Guerra dos Farrapos são narrados pela perspectiva das mulheres da família de Bento Gonçalves. 

Elon Musk, o poderoso

Elon Reeve Musk, empreendedor, empresário e filantropo sul-africano-canadense nasceu em Pretória, África do Sul, em 1971 e é o homem mais rico do mundo, com patrimônio de 268 bilhões de dólares. Fundador e diretor executivo e técnico da SpaceX, CEO da Tesla, vice-presidente da OpenAI, diretor da Neuralink, presidente da SolarCity e proprietário do Twitter, Musk é um dos personagens mais fascinantes e controversos do nosso tempo. Há quem o chame de herói e existem os que enxergam nele um vilão.
Elon Musk (Editora Intrínseca, 656 páginas, R$ 89,90, tradução de Rogerio W. Galindo e Rosiane Correia de Freitas), do grande jornalista e escritor Walter Isaacson, traz a biografia do homem que levou o mundo para a era dos carros elétricos, para a exploração espacial privada e a inteligência artificial, além de ter se tornado o dono do Twitter há pouco tempo. O Twitter, "o maior parquinho do mundo" para ele brincar.
Walter Isaacson é um dos maiores biógrafos da atualidade. Iniciou a carreira como jornalista, foi editor da revista Time, presidente do conselho de administração e CEO da CNN e atualmente é professor de história na Universidade de Tulane. Walter escreveu os best-sellers Steve Jobs, Leonardo da Vinci, A decodificadora e Os inovadores, entre outros. Walter já escreveu sobre Einstein, Kissinger e Benjamin Franklin. Musk não poderia ter escolhido biógrafo melhor, especialmente sabendo que Isaacson não iria escrever uma obra chapa-branca.
Musk tem como desafetos bilionários como Jeff Bezos, Sam Altman (Open AI) e Bill Gates e seu estilo é bem diferente de ícones como Steve Jobs. Musk sofreu muito bullying na infância e seu pai foi repressor. Isso explica seu comportamento tido como infantilizado e sua alta tolerância ao risco, desejo por drama, um sentido épico de missão na vida e uma intensidade maníaca que pode ser cruel e, muitas vezes, destrutiva.
No início de 2022, após a SpaceX ter colocado 31 foguetes em órbita, a Tesla vender milhões de carros elétricos e Musk passar a ser o mais rico do planeta, ele reconheceu sua compulsão por drama: "Preciso mudar minha mentalidade e sair do modo crise, no qual estou há pelo menos catorze anos, ou quase a maior parte da minha vida", disse Musk. Foi uma declaração melancólica, não uma promessa de Ano-Novo. Musk, especialmente em momentos sombrios, sempre lembrou dos horrores do bullying sofrido na infância.
A biografia escrita por Walter Isaacson resultou de extensas pesquisas e, durante anos, Walter acompanhou a rotina de Musk em reuniões e visitas a fábricas. Ele entrevistou Musk, pessoas da família, amigos, colegas de trabalho e adversários. Walter revela a complexidade de Musk e sua biografia deixa uma perguntona no ar: "Será que os demônios que impulsionam Musk são justamente o que o leva à inovação e ao progresso?"

A propósito

Não é mero chavão dizer que Musk é a cara de nosso tempo. Suas opiniões politicas mutantes, seus problemas com o "politicamente correto" e manifestações impulsivas e arrogantes mostram muitas facetas de uma pessoa que vive intensamente num planeta com poucas ou nenhuma regra duradoura. Musk batizou o filho com o nome de Techno Mechanicus, apelidado de Tau, e entrou em conflito com a filha transgênero Jenna, de 19 anos. "Ela passou de socialista a comunista e também a achar que todo mundo que é rico é ruim", disse Musk.

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