sábado, 16 de setembro de 2023


16/09/2023 - 10h37min
BRUNA LOMBARDI

Querem que você mude?

Ninguém se sente seguro com nosso crescimento. E nem sempre por medo que você sofra, mas por medo de ser deixado pra trás. Transformação da borboleta não só quebra o seu casulo, mas deixa os outros casulos. Ela agora quer liberdade, flores e outras borboletas

Existem várias razões que impedem nossas mudanças. A maioria delas tem a raiz no medo. Não só o nosso, mas o medo dos outros que a gente mude e deixe de estar ao alcance deles, ou dentro da caixa segura que eles criaram pra nós. 

Quantas vezes você ouviu alguém te dizer: "você mudou"… Ou: "isso não é pra você"… Ou: "você não é isso". E centenas de outras frases que no fundo significam a mesma coisa: fique onde está.

Se eu não mudei, por que você quer mudar? Se você deixar de ser quem eu conheço, no que você pode se transformar? Se você sair do perímetro que eu tracei, para onde você é capaz de  ir?

Por que mudar é tão difícil? Não queremos abandonar amigos, família, nosso lugar. O voo pode ser solitário, e nada é garantido. A gente mesmo deixa uma segurança confortável já conhecida, onde podemos nos acomodar sem correr riscos.

Ninguém se sente seguro com nosso crescimento. E nem sempre por medo que você sofra, mas por medo de ser deixado pra trás. A transformação da borboleta não só quebra o seu casulo, mas deixa os outros casulos. Ela agora quer liberdade, flores e outras borboletas.

Por que mudar é tão difícil? Não queremos abandonar amigos, família, nosso lugar. O voo pode ser solitário, e nada é garantido. A gente mesmo deixa uma segurança confortável já conhecida, onde podemos nos acomodar sem correr riscos.

Mas a principal pergunta é se aquilo que estamos descobrindo dentro de nós ainda corresponde com o que estamos vivenciando. Uma parte nossa sempre vai ficar. O amor da família, o carinho de velhos amigos e nosso lugar, porque isso está sempre dentro de nós.

A mudança nem sempre significa deixar isso tudo. Você pode mudar continuando onde você está ou sempre esteve. Não é necessário sair, porque nem sempre muda o lugar. O que o que está se transformando são suas ideias, seus sentimentos, seus desejos.

Aquilo que você é vai tomando uma nova forma. E nós não somos apenas os papéis que temos na vida, filha, aluna, colega, amiga, mãe, profissional ou seja o que for que a vida nos traga. Existem coisas dentro de nós que nos são reveladas aos poucos e a gente sente que são fundamentais.

A gente não pensa mais do mesmo jeito. A gente não precisa querer mais as mesmas coisas. Vamos passando pelas fases da vida, e é tão natural a gente ir deixando coisas pelo caminho. Fazendo escolhas. Descobrindo novas maneiras de ser além das que nos foram impostas.

Você muda e tem tanta coisa que se torna lembrança, saudade, você pode voltar e rever, pode gostar novamente. Mas você é outra pessoa. Quando a gente reclama que um lugar do nosso afeto se transformou, é claro que a gente queria manter intactos certos sentimentos. 

Quem não gostaria de tomar aquele sorvete de milho que tomou na infância?  Deitar na grama de um parque que virou prédio? Reencontrar amigos que perdeu? Nossa memória emocional vai deixar essas sensações intactas. Mas o bom da vida é que vamos construindo outras novas na medida em que nos adaptamos a quem somos a cada etapa.

Sem medo de mudar vamos somar emoções. Descobrir um mundo dentro de nós. Vamos nos conhecendo e sendo tudo o que podemos ser. Só assim vamos saber cada vez mais, por isso quando olhar pra trás vai dizer: "ah se eu soubesse o que sei agora…". Isso significa crescimento.

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