18 DE SETEMBRO DE 2023
OPINIÃO DA RBS
REERGUIMENTO ECONÔMICO
Transcorridas duas semanas da tragédia das enxurradas no Vale do Taquari, chega o momento de começar a dar maior atenção ao que será necessário para o reerguimento econômico da região. Os municípios mais severamente atingidos e o entorno fazem parte de uma porção próspera do Estado, com significativa diversificação das atividades. A magnitude do fenômeno que fez dezenas de vítimas fatais, arrasou residências e abalou milhares de pessoas também desestruturou os meios em que boa parte da população ganhava a vida.
Propriedades rurais foram devastadas pela fúria das águas. Criações inteiras acabaram perdidas. Empresas dos ramos de comércio e de serviços viram suas instalações serem destruídas. Perderam estoques e tiveram mercadorias estragadas pela enchente. Indústrias alagadas pararam a sua produção. O turismo florescente sofreu um duro golpe.
A angústia dos empreendedores é compartilhada pelos colaboradores, que se questionam sobre quando - ou se - conseguirão voltar ao trabalho. Muitos viram seus sonhos e o resultado da dedicação de anos ou décadas serem comprometidos por um dos maiores desastres naturais da história do Estado. Agora, buscam forças para recomeçar.
Em situações graves como a agora atravessada pelo Vale do Taquari, o brio dos próprios moradores e a irresignação para reconstruir o que foi arruinado pela enxurrada são parte essencial da reconstrução. Mas pela dimensão da tragédia, o apoio do poder público é decisivo. Poucos dias após as chuvaradas, junto às ações mais imediatas de socorro e amparo aos flagelados, os governos federal e do Estado se apressaram em anunciar medidas de ajuda econômica. Prometeram e reiteraram o compromisso de lançar mão de todas as medidas possíveis.
É indispensável, de fato, dar fôlego e suporte para trabalhadores e empresas de todos os portes. Suspensão temporária de pagamento de impostos e encargos e crédito adequado às condições penosas de companhias e propriedades rurais são basilares para que esses negócios consigam recobrar forças, se recuperar, voltar à normalidade com o decorrer do tempo e, assim, os municípios que foram epicentro da tragédia possam recuperar o seu vigor econômico.
Há, na região, cidades pequenas com grande número de pessoas empregadas ou vinculadas a poucas grandes indústrias, como é o caso do setor de calçados e o de proteína animal e leite, com significativa quantidade de agropecuaristas de pequeno porte integrados a elas. Como âncoras, também merecem atenção para evitar qualquer risco de desemprego em larga escala.
Estado e União anunciaram diversas medidas, como o pagamento de auxílios e liberação de FGTS para os atingidos. São as ações apropriadas logo após o abalo para que a população disponha de alguma renda imediata. Estão na pauta também apoio para recuperação da infraestrutura, de moradias e serviços essenciais. Comprometem-se a liberar crédito em condições especiais. São providências basilares para as feridas econômicas da região cicatrizarem.
Aguarda-se que os recursos prometidos, sem serem represados pela burocracia, cheguem à ponta, cumprindo o propósito. O quadro do Vale do Taquari é excepcional. Assim, requer um olhar particular.
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