O outro lado
"Habitantes da Cidade de Porto Alegre! Alguns homens ambiciosos e sedentos de vingança se preparam para derramar entre vós todos os horrores da anarquia! A mudança das autoridades a que não são afeiçoados, por outras de sua escolha; a recusa de posse ao Presidente eleito; o sangue mesmo de muitos cidadãos honrados não bastará a saciar a raiva dos perversos. Pretendem quebrar o laço da grande União Brasileira e levantar suas mãos sacrílegas contra o trono do inocente monarca, o senhor D. Pedro II. Tais são as notícias que a cada instante chegam ao meu conhecimento. Os malvados tentam agredir-nos pelo caminho de Belas, pelo da Azenha e do outro lado do rio.
Alguns (segundo é fama) se acham com as armas na mão e prontos mesmo no seio da cidade. Concidadãos amigos da ordem e da lei, não vos deixeis apossar de susto. O medo não vos salvará das cenas do Pará e Cuiabá. Tende confiança nas medidas que adotei e cooperai comigo. Se a anarquia apresentar entre nós o seu medonho aspecto, pegai nas vossas armas e vinde ajudar os bravos Guardas Nacionais, que se acharão postados em frente do Palácio do Governo. Viva a Nação Brasileira. Viva a integridade do Império. Viva a Constituição. Viva o senhor D. Pedro II, Imperador Constitucional do Brasil.
Palácio do Governo em Porto Alegre, aos 19 de setembro de 1835."
"Cidadãos. Não vos deixeis iludir com as palavras e promessas dos que com as armas na mão pretendem depor autoridades e nomear outras a seu bel-prazer. Não acrediteis que eles se contentarão com isso. Cenas lutuosas vos ameaçam; os pretextos de que se servem bem o demonstram pela sua futilidade, pois que o governo central já nomeou pessoa de sua confiança, que tomasse em meu lugar as rédeas do governo.
Sustentai por alguns instantes a dignidade da Administração Provincial e vossa. Breve serão a vosso lado as forças que hei convocado de vários pontos de fora da cidade. Tende confiança no Brigadeiro Gaspar Francisco Menna Barreto, que hei nomeado para fazer as vezes do Marechal Barreto, próximo a chegar. Às armas, cidadãos! Às armas, que a Pátria se acha em perigo. Viva a Nação Brasileira. Viva a integridade do Império. Viva a Constituição. Viva o senhor D. Pedro II, Imperador Constitucional do Brasil.
Palácio do Governo em Porto Alegre, aos 20 de setembro de 1835."
Essas duas proclamações foram assinadas nas datas referidas pelo então presidente da província do Rio Grande do Sul, Antônio Rodrigues Fernandes Braga. O representante do governo imperial fugiu esbaforido quando os farroupilhas cruzaram a Ponte da Azenha e tomaram a Capital. Foi o outro lado da aurora precursora.
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