07 de março de 2017 | N° 18786
EDITORIAIS
A QUESTÃO ÉTICA
Aquestão política tornou-se policial e moral. É avassalador o número de partidos e políticos comprometidos com a Lava-Jato. Após o PT, capitão da equipe, é o momento do PMDB, PDT, PP, PSDB e outros. A classe política está sendo literalmente dizimada, atingindo o novo governo e mesmo o seu núcleo principal.
As delações da Odebrecht serão, agora, encaminhadas ao Supremo, com o procurador Janot pedindo abertura de inquéritos para um número considerável de políticos. Ministros e parlamentares, os de foro privilegiado, serão lá julgados, enquanto outros irão para a primeira instância.
Os nomes já circulam, oferecendo uma amostra significativa de seu caráter suprapartidário. Se alguns transloucados criticavam a Lava-Jato por sua “parcialidade”, os recentes fatos expõem sua abrangência, ninguém estando a salvo. O resto é mera propaganda dos que querem se safar de condenações e da prisão, como o ex-presidente Lula.
O estrago dos últimos dias, com os depoimentos ao Tribunal Superior Eleitoral, foi de monta, pois o vazamento foi imediato, praticamente online! Se esta quebra do sigilo vem a colocar um problema de ordem jurídico-institucional, por outro lado, os seus benefícios públicos são inegáveis.
Políticos não podem mais se esconder atrás de biombos, dizendo que nada têm a declarar ou que tais acusações são meras alegações. Devem prestar contas à nação.
Tudo indica que o procurador Janot não apresentará nenhuma denúncia imediata, contentando-se com a abertura de inquéritos. Inquéritos podem muito tardar, o que coloca um problema de monta para o presidente Temer.
Estabeleceu ele um critério para o afastamento de ministros: provisório quando da denúncia e definitivo quando de seu acolhimento pelo STF. Acontece que a sociedade brasileira clama por mudanças, centradas na moralidade pública e na luta contra a corrupção. E certamente não terá muita tolerância com o tempo, se ele se traduzir pela impunidade.
O presidente deverá, pois, enfrentar nas próximas semanas uma questão propriamente ética, vindo a orientar suas decisões. Deverá entrar em sintonia com a sociedade, sob pena de dela divorciar-se, o que não é bom para o futuro do país.
Ministros mais envolvidos na Lava-Jato deveriam ter a dignidade pessoal da renúncia. A sobrevivência de alguns não pode sobrepor-se ao bem comum. Se não tiverem a retidão deste ato, restará ao presidente decidir. Se não o fizer, ficará refém de um tipo de política que a sociedade condena veementemente!
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