segunda-feira, 20 de março de 2017



20 de março de 2017 | N° 18797
TRÂNSITO

A MORTE ANDA SOBRE DUAS RODAS

80% DAS VÍTIMAS FATAIS nas vias da Capital em 2017 se envolveram em acidentes com motocicletas, conforme a EPTC. Dos 20 mortos, 12 eram condutores ou caroneiros, e quatro foram atropelados
O veículo mais ágil de deslocamento no trânsito das metrópoles está se tornando também o mais arriscado. Segundo dados da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), dos 20 mortos em acidentes nas vias de Porto Alegre nos primeiros 74 dias do ano (até 15 de março), 12 eram motociclistas – condutores ou caroneiros (seis a cada 10 vítimas fatais).

Além de tirar a vida dos próprios ocupantes, as motocicletas também estiveram envolvidas na morte de outras quatro pessoas – dois terços do total de vítimas de atropelamentos fatais registrados neste ano na Capital. Incluindo na conta as mortes por atropelamento, o percentual de vítimas fatais em acidentes envolvendo motos sobe para 80% do total.

– O motociclista é o condutor mais vulnerável. E, em 95% dos casos, os acidentes são infrações que deram errado – afirma Carla Meinecke, diretora técnica de Operações da EPTC, que elenca entre as transgressões mais comuns e fatais o excesso de velocidade, a passagem no sinal vermelho, o consumo de álcool combinado à direção e a mudança de pista sem sinalização.

Conforme a EPTC, dos 18 acidentes que resultaram em óbitos neste ano, 14 (77,8%) tiveram o envolvimento de motos. Por isso, diz o diretor de Operações da EPTC, Fábio Juliano, o órgão decidiu promover em abril uma campanha de conscientização e educação dos usuários de motocicletas.

INVESTIGAÇÃO DE CAUSAS SE ESTENDE POR UM MÊS

No total, serão realizadas 40 blitze específicas para motos, em todos os turnos (inclusive a madrugada). Segundo o gerente de fiscalização da EPTC, Alvino da Silva Filho, paralelamente, ocorrerão operações-radar para flagrar motocicletas acima da velocidade permitida. As ações educativas incluem conferências em empresas de motoboys, curso de direção defensiva (à distância) e quatro palestras Motociclista Consciente, a serem realizadas às quartas-feiras, sempre em parceria com o Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Estado (Sindimoto).

– Está se iniciando hoje uma nova era para o motociclista de Porto Alegre – promete Valter Ferreira, presidente da entidade, que hoje reúne mais de 13 mil filiados. – Esta não vai ser uma campanha paliativa. A gente vai continuar. Não há como conscientizar mais de 90 mil motociclistas em apenas um mês.

Atualmente, circulam pela Capital 93,6 mil motocicletas, o equivalente a 11,3% da frota porto-alegrense. No Estado, o total de motos registradas chega a 1,13 milhão (17,6% do total). De acordo com Diva Yara Leite, coordenadora do Comitê de Análise de Acidentes do Projeto Vida no Trânsito (parceria da EPTC com a Secretaria Municipal de Saúde), os atropelamentos por motos, hoje comuns, praticamente inexistiam em 2000.

Diva explica que o comitê investiga a fundo as causas das mortes no trânsito de Porto Alegre. Incluindo o acompanhamento de vítimas em hospitais, o trabalho se estende por até 30 dias, período em que alguns dos pacientes morrem em consequência dos acidentes.

– Trabalhamos em busca de fatores de risco que podem ter gerado o acidente, incluindo estrutura das vias, velocidade e agravantes, como o uso de drogas e álcool ao volante. Hoje, morrem mais pedestres atropelados do que caronas de motos – acrescenta.

marcelo.monteiro@zerohora.com.br

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