22 de março de 2017 | N° 18799
POLÍTICA + | Rosane de Oliveira
CPI DA PREVIDÊNCIA PARA INGLÊS VER
Com a assinatura de 63 dos 81 senadores, foi protocolado pelo senador Paulo Paim (PT) o requerimento para criação de uma CPI destinada a investigar eventuais desvios de recursos da Previdência Social. O fato de tantos senadores da base do governo Michel Temer terem assinado o requerimento deixa no ar uma pergunta legítima: o que estará por trás de tanto desprendimento? Em geral, os governos fogem de CPIs porque sabem como começam, mas não têm ideia de como terminam.
A assinatura do senador Romero Jucá (PMDB-RR) deveria deixar intrigado o próprio Paim, que protocolou o requerimento acompanhado de líderes sindicais que transformaram o ato em uma manifestação contra as reformas previdenciária e trabalhista. O apoio do governo a uma CPI cujo objetivo implícito é implodir a reforma da Previdência soa como um paradoxo, a menos que o objetivo seja dominar a comissão e dar a ela o rumo mais conveniente para o Palácio do Planalto.
Nos últimos anos, as CPIs foram aos poucos perdendo a credibilidade, graças às manobras da maioria governista. Por que seria diferente a da Previdência, no momento em que tramita na Câmara uma proposta que a oposição combate?
Os senadores da base governista têm motivos confessáveis e inconfessáveis para apoiar a CPI. O motivo nobre é o interesse em iluminar as zonas de sombra que envolvem o tema. Interessa a todos os brasileiros conhecer a realidade dos números, saber se quem está certo é o governo, que aponta um déficit bilionário, ou se são seus opositores que, como Paim, sustentam que existe superávit. Paim também diz que outro objetivo da CPI é “combater a fraude, a sonegação e a corrupção” na Previdência.
O motivo inconfessável é que, como a reforma da Previdência afeta a maioria dos brasileiros, não apoiar a CPI pode resultar em perda de votos. E a eleição de 2018 já desponta no horizonte. Dois terços dos senadores terão de renovar o mandato em 2018 ou vestir o pijama.
Consciente da resistência dos aliados à reforma e da perda de espaço na agenda política para outros temas, Temer entrou em cena no início da noite passada para recolocar o assunto em pauta e tentar convencer deputados e senadores de que o crescimento da economia depende das mudanças na Previdência.
EDUCAÇÃO E DOWN
Autor da lei que instituiu a semana da Síndrome de Down no Estado, o deputado Eduardo Loureiro (PDT) participou ontem de um ato com soltura de balões e distribuição de cartilhas educativas sobre o tema, em frente à Assembleia. Hoje, um Grande Expediente será realizado em plenário para falar de inclusão e acessibilidade das pessoas com a alteração genética.
Loureiro tem uma motivação pessoal para liderar a discussão. Pai de Arthur, 10 anos, o pedetista descobriu que o filho tinha a síndrome nos primeiros instantes após o nascimento. Para ele, há diferença no tratamento com o rebento:
– Em um ambiente público, as pessoas ficam observando, não se sentem bem em brincar com ele. Ouvimos comentários e sentimos que há um estranhamento.
À coluna, Loureiro relatou que teve dificuldades em matricular Arthur em colégios particulares:
– As escolas não diziam claramente que não iriam aceitar meu filho, mas não faziam questão de acolher, davam desculpas, não se comprometiam.
O objetivo do programa de orientação e conscientização é promover o acolhimento pela sociedade para que as pessoas com Síndrome de Down tenham um desenvolvimento pleno.
MÍNIMO PODE SER VOTADO NA PRÓXIMA TERÇA-FEIRA
Por um acordo entre os líderes partidários da Assembleia, o projeto que reajusta o mínimo regional em 6,48%, a partir de 1º de fevereiro, foi incluído na ordem do dia e está apto a ser votado na próxima terça-feira. Caso seja aprovado, o salário mínimo do Rio Grande do Sul ficará entre R$ 1.175,15 e R$ 1.489,24, englobando as cinco faixas salariais.
A apreciação pode ser adiada se a pauta do Legislativo continuar trancada, já que outras 10 propostas com pedido de apreciação em regime de urgência impedem novas votações.
Ontem, o deputado Frederico Antunes (PP) propôs ao líder do governo, Gabriel Souza (PMDB), aguardar a aprovação do Plano de Recuperação Fiscal no Congresso para retomar os trabalhos em plenário. Frederico sugeriu a manutenção dos pedidos de urgência. Se o governo endossar a ideia, os parlamentares ficarão mais algumas semanas sem votar.
Para o deputado, a bancada gaúcha na Câmara não é cobrada o suficiente e está “deixando que as coisas aconteçam”, sem a devida participação no plano de recuperação.
DE FILHO PARA PAI
Agraciado com a medalha Cidade de Porto Alegre, o ex-deputado e ex-secretário municipal de Governança Cezar Busatto emocionou-se ao receber a comenda das mãos do filho Leonardo Busatto, secretário municipal da Fazenda.
Ex-titular da Fazenda estadual, Busatto chorou ao falar de sua luta contra o câncer e da importância do amor da família para o sucesso do tratamento.
A entrega da medalha faz parte das comemorações da Semana de Porto Alegre. Neste ano, foram homenageadas 14 pessoas consideradas “exemplos de cidadania”.
– Buscamos lembrar as pessoas que fizeram e fazem diferença no dia a dia da cidade – definiu o secretário municipal da Cultura, Luciano Alabarse.
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