sábado, 25 de março de 2017



25 de março de 2017 | N° 18802 
CARPINEJAR

Por favor, não atrapalhe o amor dos outros

Peço um favor aos hotéis, restaurantes, floriculturas e lojas: renovem o seu cadastro. Não queira conhecer os clientes sem atualizar os dados e demonstrar intimidade.

Relações serão sempre quebradas por uma apressada falha. São floriculturas lembrando que em determinada data você mandou flores para alguém.

Será que acreditam no amor eterno?

Este alguém é um ex. Já está há dois anos num relacionamento e precisa apagar o SMS como se fosse de um amante, antes que se estabeleça uma crise irreversível de desconfiança.

São lojas antecipando para quem está dando um presente. Sempre de um finado. Melhor seria trocar o vestido por uma coroa de flores.

São resorts enviando e-mails para pombinhos que hoje se bicam como corvos. São hotéis procurando antever uma fidelização e destruindo a sua fidelidade. Você faz check-in, e o atendente inventa de nomear o casal pelos antigos registros.

E aquele casal não vigora mais. Como explicar o erro em cinco minutos?

Terá incessantes horas de luta e acareação de madrugada para consertar a ocorrência e provar que não tem culpa nenhuma.

O passeio e o lazer transformam-se numa tortura. Pagará uma fortuna para passear e não sairá do quarto. E não surte efeito chamar à razão para a conversa.

Todos somos infantis ao sofrer por amor, perde-se o discernimento na hora. Você não errou. Não trocou o nome. Quem trocou foram os malditos estabelecimentos.

Nem os 10% e a comissão cobrem os danos emocionais. Custoso explicar que não há virgindade em pessoas adultas e de vida feita.

Loucura acreditar que ecos, atos falhos e ruídos não aparecerão de repente. Existe o passado, mas é somente passado.

Será penalizado por levar a sua nova companhia a ambientes que frequentou com parceiras anteriores, só que não existem tantas opções assim para não repetir os lugares.

Quem conta com muito dinheiro pode variar, porém aqueles que se encaixam numa determinada classe e faixa salarial apresentam nítida limitação de opções e jogam com as mesmas peças.

A força do imponderável estraga a harmonia dos pares. Não tem como controlar o azar. As referências passadas ora voltam trazendo vergonha e medo.

O que não dá para esquecer é que a separação é uma longa desintoxicação, deve-se aguardar que o nome do ex naturalmente prescreva com o tempo. Que o comércio nos ajude e não nos atrapalhe!

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