quarta-feira, 8 de março de 2017


08 de março de 2017 | N° 18787
SOCIEDADE

MOVIMENTO FEMINISTA: PAUTA FEITA DE CICLOS

NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER, Zero Hora falou com diferentes mulheres, ativistas ou pesquisadoras, para buscar compreender a pluralidade de motivações que foi construindo a mobilização no Brasil ao longo dos anos. No país, elas são maioria 51% da população
Uma foto da atriz Emma Watson, ícone jovem da luta feminista, dividiu o debate entre ativistas pelo mundo. Embaixadora do programa ONU Mulheres para igualdade de gênero, Emma posou para uma revista de moda com parte dos seios à mostra. 

Essa divergência de pensamentos entre as próprias mulheres parece, para quem enxerga de fora, uma contradição à união proposta pelo feminismo. Para Flávia Biroli, professora de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), o debate sobre a polêmica de Emma tem o mesmo fim: discutir igualdade de gêneros.

– Para algumas mulheres, mostrar os seios significa uma recusa a padrões. Afinal, um homem, quando sai sem camisa, não é algo que a gente perceba. Mas, ao mesmo tempo, a objetificação dos corpos das mulheres é um elemento central da violência. Isso marca as diferenças que são importantes. Elas têm a ver com o entendimento do caminho que leva para a igualdade de gênero – afirma a autora de Feminismo e Política (Boitempo Editorial, 2014).

O movimento feminista tornou-se plural ao longo do tempo. Na última década, como explica a historiadora Mary Del Priore, explodiu em milhares de tendências, que resultaram em um maior entendimento da pauta feminista.

– (As tendências feministas vão) desde Beyoncé, que usa o seu corpo como empoderamento, uma coisa que as feministas tradicionais e pioneiras sempre odiaram, que é usar a beleza para isso, chegando ao pessoal do Sillicon Valley (Vale do Silício), que trabalha com comunicação e com internet e acredita que o dinheiro dá liberdade para empoderar as mulheres – considera.

No Brasil, onde as mulheres são maioria – 51% da população –, nem todas travam as mesmas lutas ou se enxergam perante a sociedade da mesma forma. Para falar em feminismo, é preciso enxergar a pluralidade dos movimentos que o constroem. Por isso, ZH falou com diferentes mulheres, sejam elas ativistas ou pesquisadoras, para compreender essa diversidade dentro de um mesmo propósito.

paula.minozzo@zerohora.com.br

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