13 de março de 2017 | N° 18791
PERIMETRAL | com Paulo Germano
A BRIGA DA PADRE CHAGAS
Tenho gostado da briga entre os donos de bares da Padre Chagas. Uns querem fechar a rua na próxima sexta-feira para as comemorações de Saint Patrick’s Day – tradicional festa irlandesa cada vez mais popular por aqui – e outros resistem à iniciativa devido aos problemas de sempre: barulho demais, excesso de gente, xixi nos muros, lixo no chão.
A briga me agrada porque, pela primeira vez, a ocupação de espaços públicos vira tema de debate fora do eixo Bom Fim-Centro-Cidade Baixa. Hoje mesmo, a associação de moradores Moinhos Vive se reunirá para discutir o assunto, e os donos de bares vão se encontrar novamente sob a mediação da prefeitura.
Compreendo todos os argumentos contrários à festa, mas são inúteis. Ocupar as ruas é uma tendência mundial que se mostra eficiente no combate à insegurança e, principalmente, na conscientização das pessoas de que o espaço público não é de ninguém: é delas. Só que, claro, como essa cultura é incipiente por aqui, ainda nos faltam noções básicas de convívio e de etiqueta nesse tipo de evento.
Como se revolve isso? Com o tempo, mas também com campanhas pedindo respeito aos frequentadores, regras claras e estrutura adequada – o que parece ser uma preocupação dos organizadores, que prometem banheiros químicos na Padre Chagas e horário para começar (16h) e para terminar (21h30min).
Vetar a festa sob o argumento de que o lixo, o barulho ou o xixi a inviabilizam, ora, seria como resolver uma infestação de cupins tacando fogo na casa. É resolver um problema sem atacar o problema. Ninguém está propondo que a Padre Chagas receba eventos como esse toda semana. Trata-se de um episódio. Uma vezinha só. Se bem que, cá entre nós, até poderia ocorrer mais vezes.
A CARA DA RUA
Aumentei o faturamento em uns 50% com a tinta prateada. Sem a tinta, os caras nem abriam os vidros, achavam que eu era maloqueiro, cheirador de loló. E a tinta deixa claro que eu tô investindo, né? Eu adoro o meu trabalho. Não consigo tirar folga e ficar em casa, eu preciso ver o público, ver criancinha abanando. Isso aí, deus o livre, me faz bem demais.
Robson Costa Cruz, na Avenida Ipiranga
O PODER DA PLACA
Depois de dois casos seguidos de abandono de animais à sua porta, uma petshop na Avenida Ganzo exibe em sua fachada: “Temos câmera de segurança. Não abandone seu pet”. A veterinária Camila Aerts diz que o problema nunca mais se repetiu – o cartaz foi fixado em 2015.
O caso remete à nota publicada na coluna de sexta passada, sobre uma mensagem para pichadores na fachada do Hospital Presidente Vargas. Já são 12 anos sem pichações – graças à placa, segundo a equipe do hospital. Pode um cartaz ter tanto poder? Diz o psicanalista Mario Corso:
– As placas criam um diálogo, simulam a presença do outro. E a presença do outro, mesmo que imaginária ou simbólica, inibe as pessoas. Não é consciente, mas é como se alguém estivesse ali.
75
é o número de agentes necessários para organizar o trânsito durante uma manifestação na área central de Porto Alegre. Em dias normais, 40 agentes dão conta do tráfego.
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