quinta-feira, 29 de abril de 2010



29 de abril de 2010 | N° 16320
PAULO SANT’ANA


Vantagens do pessimismo

O pessimismo, como já afirmei, é uma doença. Por ela, o paciente acha que tudo de ruim pode lhe acontecer, não confiando nunca que fatos favoráveis a si vão ocorrer.

Uma derivação mais grave do pessimismo é a hipocondria, trata-se da crença do paciente de que ele está ou logo em seguida vai ficar doente, alguma coisa de ruim vai acontecer com seu organismo.

Pensando melhor, vi que há vantagens em ser pessimista ou hipocondríaco.

Como sempre prevê delirantemente que alguma coisa ruim vai lhe acontecer – ou já está acontecendo – e como essas coisas na maioria das vezes não acontecem, todos os dias o pessimista obtém uma vitória, não lhe ocorreu o que de ruim tinha previsto. Ele tem, portanto, diariamente, com o que festejar.

É verdade que a preocupação com seu futuro não cessa. Mas pelo menos ele passou mais um dia livre da sua nefasta previsão.

Já com o hipocondríaco se dá algo não muito diferente: todas as semanas ou todos os meses ele vai ao médico para submeter-se a exames. Vai convicto de que encontrará alguma doença em seu corpo.

E, na maioria das vezes – ou sempre –, ele não tem doença alguma. Não é também uma forma de triunfo e de alegria? Pois, todas as vezes que os exames são negativos, de certa forma ele conseguiu uma vitória sobre a sua convicção, não tem doença alguma, sai do médico com justo motivo para festejar.

A não ser que os meus leitores entendam que é uma imensa frustração para o hipocondríaco que o médico não tenha achado doença nenhuma em seus exames. Mas, se isso acontecer, ele não é hipocondríaco, ele é louco mesmo, pirou e não tem mais salvação.

Pegue-se, por exemplo, um otimista e um pessimista com vidas absolutamente idênticas, em tudo, o que aconteceu para um aconteceu para outro.

Como nada de ruim ocorreu para nenhum deles, o otimista não lucrará nada por ter dado certo sua previsão.

Enquanto que o pessimista terá todos os motivos para saudar efusivamente que nada de ruim lhe aconteceu. Afinal, ele tinha certeza de que iria acontecer. O pessimista, portanto, é o único que lucra quando suas previsões não deram certo.

O triste para os pessimistas e para os hipocondríacos é que nunca cessam suas previsões catastróficas. Eles escapam de serem atingidos hoje, satisfazem-se com isso, mas já começam imediatamente a nutrir medos de que amanhã serão vítimas de uma tragédia ou de uma doença maligna.

Além disso, quando algo de ruim acontece com o pessimista, ele se orgulha de tê-lo previsto.

Enquanto que o otimista que é atingido por algo ruim tem todos os motivos para decepcionar-se amargamente com seu otimismo.

Recebo um profundo elogio ao SUS e ao Instituto de Cardiologia: “Prezado Sant’Ana: Hoje, quando assistimos diariamente nos jornais e na televisão à precariedade de nossos hospitais, principalmente os atendimentos pelo SUS, quero fazer um registro para enaltecer o Hospital de Cardiologia, pois tive meu irmão,

ex-juiz de futebol Orion Sater de Melo, internado por quase um mês naquela instituição, onde passou por um procedimento cirúrgico e pude constatar o ótimo atendimento prestado a todos os que lá procuram auxílio, desde o setor de emergência, CTI, até nos quartos de internação existe um serviço muito sério e responsável, tanto executado pelos médicos quanto por todas as outras pessoas que lá trabalham.

Parabéns aos diretores responsáveis por aquela instituição que é exemplo e referência para todo o Brasil.

E olha que estamos falando de atendimento pelo SUS, não há como não elogiar este serviço magnífico que nos presta o Instituto de Cardiologia, Paulo Sant’Ana. Isto com certeza merece registro, pois nem tudo está perdido na saúde pública. Este hospital orgulha a nós, gaúchos. (as.) Odilon Sater de Melo (odilon.melo@hotmail.com)”.

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