terça-feira, 20 de abril de 2010



20 de abril de 2010 | N° 16311
CLÁUDIO MORENO


Homens e mulheres - 5

11 – Afrodite, deusa de beleza, era atraente e sensual; Atena, deusa da sabedoria, era séria e compenetrada. Não por acaso, era bem diferente a representação que delas faziam os pintores e escultores do Mundo Antigo.

Enquanto Afrodite aparecia mal e mal coberta por véus – quando não totalmente despida –, Atena sempre envergava um longo manto discreto ou vestia armadura completa, com couraça, escudo e capacete.

Este figurino austero condizia com suas atribuições. Por ser lindíssima, deixou mais de um deus enfeitiçado com sua beleza, mas encontrou um modo de afastar definitivamente qualquer possível pretendente: como era a filha favorita de Zeus, pediu ao pai que lhe permitisse ficar virgem e solteira para sempre, a fim de se dedicar ao bem da humanidade.

Os gregos a adoravam por tudo o que ela lhes deu: além do primeiro navio, da primeira casa e do primeiro arado, foi ela também que lhes trouxe o dom inestimável da oliveira e do azeite de seus frutos.

Apesar de seu aspecto marcial, amava a paz e as artes domésticas, como a cerâmica, a tapeçaria e a tecelagem, e só intervinha nas guerras para assegurar a vitória da justiça. Nunca perdeu uma batalha.

Dizem, contudo, que ela repudiou uma de suas mais valiosas invenções. Certa feita, aplicando o seu engenho à música, sua arte preferida, uniu duas hastes ocas de junco, com orifícios espaçados para os dedos, e formou assim a flauta dupla, de onde extraiu melodias muito mais belas do que as conhecidas até então.

Entusiasmada, foi mostrar a riqueza do novo instrumento para os outros deuses do Olimpo; todos ficaram encantados com as novas harmonias, mas Afrodite não conseguia esconder um risinho maldoso cada vez que ela se punha a tocar.

Foi o suficiente para que Atena saísse dali desconfiada e fosse procurar uma fonte cristalina que lhe servisse de espelho – e ali, quando viu, horrorizada, que suas feições ficavam deformadas com o esforço de soprar, arrojou para longe a sua flauta, que mais tarde seria resgatada por um sátiro. Houve quem duvidasse da história: uma deusa tão casta, tão avessa ao matrimônio, não ia sacrificar sua invenção por causa da beleza do rosto.

Ovídio, porém, poeta romano, ao narrar o episódio – não sei se por ironia –, diz que a própria deusa teria acompanhado o gesto com um sincero desabafo: “Quer saber? A arte não vale tudo isso!”.

12 – Para Johann Cohausen, médico alemão do séc. 18 que serviu de modelo para o dr. Frankenstein, famoso personagem do livro do mesmo nome, as mulheres eram mais oleosas do que os homens.

Ele se baseava na recomendação de um coveiro que teve de cremar as vítimas de uma grande epidemia: “Se você colocar uma mulher para cada seis homens, eles arderão mais rápido”. Comentário de uma velha e sábia condessa: “E seis é pouco! Uma mulher tem combustível suficiente para deixar em brasa quantos homens quiser!”.

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