segunda-feira, 26 de abril de 2010



26 de abril de 2010 | N° 16317
DUAS CABEÇAS DE VANTAGEM


Depois do intervalo

Algo ocorreu no recesso do vestiário do Grêmio, ontem à tarde, no intervalo do Gre-Nal que o time de Silas venceu por 2 a 0, no Beira-Rio. Algo do qual provavelmente o próprio Silas tenha sido o protagonista.

Porque o Grêmio que retornou ao gramado molhado do estádio do Inter foi um time muito diferente do que se apresentou no primeiro tempo de jogo. Foi um time interessado, agressivo, aceso, quase perfeito, que marcou os dois gols e arrancou com representativa vantagem para decidir o Campeonato Gaúcho, domingo que vem, no Olímpico (pode perder por um gol de diferença, e será campeão).

De certa forma, esse Gre-Nal 380 reproduziu uma tradição do clássico: se as duas equipes se equivalem, a que atravessa a semana em baixa vence. O Grêmio foi mal contra o Avaí, na quarta: perdeu, quase se desclassificou. O Inter foi bem contra o Quito, na quinta: goleou, foi o campeão de seu grupo.

Ontem, o Grêmio teve outro comportamento. E o Inter também. O Grêmio surgiu com um inédito e competente arranjo armado pelo lado esquerdo entre Hugo e o estreante Neuton. Por coincidência, dois reservas. Hugo jogava no lugar de Douglas, suspenso, e Neuton no de Fábio Santos, lesionado. Ambos reluziram na tarde chuvosa da Capital, Hugo atuando com uma vibração ainda não vista neste ano, e Neuton, no frescor de seus 20 anos, marcando e apoiando com a autoridade de um veterano.

Aos 15, o Grêmio teve uma chance preciosa: Borges recebeu lançamento de Hugo e entrou sozinho na área. Era só ele e Abbondanzieri. Era só marcar. Mas ele bateu para fora. A partir de então, o Inter melhorou. Adonou-se do jogo. Aos 19, depois de um bate-rebate na área do Grêmio, Walter pegou um rebote e chutou fraco.

Edilson tirou de cima da linha. Um minuto depois, o Grêmio reagiu: Jonas invadiu a área pela direita e deu um corte para dentro. Dois zagueiros se passaram do lance, escorregando pela linha de fundo afora. O atacante do Grêmio bateu rasteiro e Abbondanzieri defendeu.

Os 26 minutos seguintes foram do Inter. O time de Fossatti insistiu, reteve a bola e jogou a partir da linha divisória, martelando, martelando. Mas não conseguiu entrar na região bem vigiada por Rodrigo, zagueirão cheio de autoridade no estilo “a área é minha casa”. O Inter, assim, ficou rondando ao longe, rosnando sem morder. Seu melhor lance foi uma falta que Sandro chutou com violência da intermediária, beliscando o travessão.

Aí os times foram para o intervalo.

E tudo mudou.

Silas tirou Ferdinando e colocou Adilson, segundo ele por lesão. Funcionou. Adilson jogou com a atenção de um Dinho, impedindo que os meias do Inter girassem e ficassem de frente para o gol. Jonas, Borges, Hugo e até Neuton se aproximaram, facilitando a troca de passes.

No Inter, o sempre interessado Guiñazu corria de uma lateral para outra, impedindo quase sozinho os avanços do adversário. Num desses lances, levou o cartão amarelo que o deixa fora da decisão do próximo domingo.

Mais perigoso, o Grêmio acertou a trave do Inter duas vezes: aos nove, num chute de Jonas, e aos 36, após cobrança de falta de Rochemback. No Inter, Walter empreendia uma luta solitária. E, graças a sua força e objetividade, levava vantagem.

Mesmo quando marcado por Mário Fernandes, apoiava as costas no peito do zagueiro, girava e chutava de qualquer distância, e seu chute sempre saía perigoso, e a bola só não entrava porque sob o travessão havia Victor.

Aos 22 minutos, a superioridade do Grêmio foi para o placar. Edilson cobrou escanteio da direita, Rodrigo saltou antes de Sandro e Sorondo, e mandou um testaço para o fundo da rede. O gol não fez com que o Grêmio mudasse sua forma de atuar.

O time de Silas continuou sólido e belicoso. Vinte minutos depois do 1 a 0, Rochemback cobrou uma falta da intermediária, a zaga do Inter se adiantou para deixar os atacantes em impedimento e Borges correu a partir do lado da barreira para cabecear e ampliar o placar.

Que, afinal, foi justo. Graças ao que aconteceu sob as arquibancadas, abaixo do nível do gramado, no recôndito do vestiário do time visitante no Estádio Beira-Rio.

Ainda que com chuva uma gostosa segunda-feira e uma linda semana pra você. Esta que encerra abril de 2010

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