quarta-feira, 21 de abril de 2010



21 de abril de 2010 | N° 16312
PAULO SANT’ANA


A Praça da Alfândega

A respeito das reformas na Praça da Alfândega, tema da minha coluna de ontem, a par de outras manifestações, recebi do órgão competente da prefeitura extensa resposta, que vem abaixo condensada:

“Prezado Sant’Ana. Buscando esclarecer questões levantadas pela senhora Marília Levacov, em 20/04/2010, que reflete a justa preocupação de parte da sua legião de leitores, todavia não plenamente informados sobre o projeto de recuperação da Praça da Alfândega, solicitamos espaço para explanação e esclarecimentos sobre o Projeto Monumenta e a intervenção na referida praça.

A implantação, em 2002, do Projeto Monumenta em Porto Alegre – atualmente presente em 26 cidades históricas no país – foi resultado do esforço conjunto entre a prefeitura municipal, o Ministério da Cultura, o Iphan, o BID a Unesco e a CEF, sendo voltado para a execução de obras visando à requalificação do Centro Histórico, fortalecendo o seu uso social, cultural e econômico.

O projeto de reurbanização da Praça da Alfândega não envolve apenas a restauração da imagem original, o que é impossível, mas a recuperação de suas características principais e garantir sua funcionalidade contemporânea, como um dos principais espaços públicos da cidade. Isto inclui a substituição de redes de infraestrutura, significativamente comprometidas, recuperação de pavimentos, de canteiros, monumentos, sanitários, do mobiliário urbano e reforço da iluminação pública.

Na reforma que em 1912 incorporou os prédios do Margs e do atual Memorial do Rio Grande do Sul, a praça foi concebida pelo arquiteto Theo Wiederspahn como um jardim, com vegetação baixa, emoldurado por jacarandás, valorizando a monumentalidade dos edifícios circundantes.

De lá para cá, houve o crescimento e a adição de espécimes exóticos (como fícus e ligustros), que devido à falta de manutenção alcançaram porte que hoje encobre e compromete a vegetação original e o conjunto da praça. (Note-se que já em 1920 um grande número de paineiras foi derrubado no local pelos mesmos motivos.)

Assim, como já informou amplamente a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), todas as árvores que estão sendo removidas serão substituídas por plantio de ipê-amarelo, uma vez que apresentavam más condições fitossanitárias, inclusive algumas com grandes áreas necrosadas em seus troncos, representando risco para os usuários do local. Além disso, serão plantadas mais 139 árvores em outros espaços do centro histórico, como compensação às remoções.

Já em agosto do ano passado, foram transplantadas 10 palmeiras para outros locais, antes do início dos trabalhos de remodelação da praça. As remoções estão sendo acompanhadas pelas equipes técnicas da Smam, integradas por arquitetas e engenheiro agrônomo. Também será feito um trabalho de ajardinamento de toda a praça.

Na verdade, a praça foi sendo descaracterizada ao longo do tempo, com prejuízo às redes de abastecimento, drenagem e eletricidade, além de oferecer abrigo para centenas de ratos. As raízes da vegetação exótica de porte avançaram sobre calçamento e monumentos, com prejuízos evidentes.

Suas copas encobriram tanto a luz do sol quanto os postes para iluminação, isso também propiciou ações de contravenção no local. Com isso, a praça desenvolveu-se para além das proporções do espaço, que é um jardim e não um parque urbano.

Logo, o trabalho de recuperação pressupõe, necessariamente, um plano de manejo vegetal, com transferências, podas, remoções, substituições e plantios. Com esse trabalho de saneamento, e com a inserção de um número significativamente maior de pontos de iluminação, a praça terá maiores condições de segurança, com insolação em alguns canteiros, como no recanto infantil, e melhores condições de utilização por toda a população.

Com certeza, as mudanças proporcionarão mais conforto, segurança e a maior valorização do patrimônio do Centro Histórico, com o destaque merecido a todos os elementos que compõem a paisagem dessa área. (as.) Luiz Antônio Bolcato Custódio, coordenador da Memória Cultural, secretário Municipal da Cultura em exercício”.

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