Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 17 de abril de 2010
17 de abril de 2010 | N° 16308
PAULO SANT’ANA
Picharam o Cristo!
Em que país nós vivemos? Vivemos num dos países de mais baixo índice de civilização. Basta dizer que não há lugar nos hospitais para os doentes nem há vagas nos presídios para atacar uma criminalidade crescente e vitoriosa que se incrusta na pele de todos os filhos da nação. E a maioria das residências brasileiras não tem esgoto.
É um país de predadores. Os monumentos públicos, as estátuas, os equipamentos dos logradouros são todos destruídos ou pichados, as lâmpadas de iluminação pública são quebradas, os orelhões são depredados, nada que se erga para o bom funcionamento das cidades escapa à sanha dos depredadores e pichadores.
O hino triunfante dos vândalos acaba de ser entoado aos ouvidos da nação: foi pichada, incrivelmente, a estátua do Cristo Redentor.
Não se acredite, mas foi pichada largamente a estátua que é símbolo da Cidade Maravilhosa e do Brasil, santuário com romaria religiosa e escolhido como uma das sete maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor.
Agora que o Cristo Redentor foi pichado, não há mais limites para a sanha dos predadores. Se o Cristo Redentor foi pichado, o que resta para os nossos edifícios, os nossos parques, a nossa casa? A depredação está liberada por todos os cantos do Brasil.
O Cristo Redentor amanheceu anteontem com inscrições largas por toda a sua superfície, principalmente nos braços, no peito e no rosto.
Aproveitando-se do fato de que o parque está fechado por causa da queda de 283 barreiras, os pichadores subiram nos andaimes que cercam toda a estátua e escreveram suas sandices: “Quando os gatos saem, os ratos fazem a festa”, “Reage Rio”, “Cadê a engenheira Patrícia?” e “Cadê Priscila Belfort?”. Inscrições de cunho de protesto que lembravam casos de violência e sem solução.
Não se compreende como puderam subir àquelas alturas, com visível risco de vida, e intentar as pichações.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, irritado, determinou à Comlurb que ajude a empresa que faz a reforma da estátua a limpar as pichações. Paes garantiu que a prefeitura vai se empenhar em descobrir os culpados:
– Nós vamos reforçar a proteção ao Cristo. Esses marginais vão responder por seus atos, serão presos. Isso é caso de lesa-pátria.
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É caso mesmo de lesa-pátria. É caso de atentado à civilização, é caso também de desídia do poder público, como pode um monumento de tal importância, símbolo nacional, ficar abandonado completamente da vigilância pública que tinha o dever de protegê-lo nas 24 horas de todos os dias.
Pois estava lá, indefeso, o Cristo contra seus predadores. Que deitaram e rolaram, durante várias horas, pichando o momumento.
Agora não há mais barreiras contra os vândalos, os predadores, os pichadores. Foi o supremo triunfo dos pichadores. Os autores da façanha ficaram célebres perante os seus seguidores e quadrilheiros, não há mais monumento, estátua, prédio, parque do país que esteja imune à fúria e à sujeira das pichações.
Picharam o Cristo Redentor. Uma façanha do alpinismo predatório. Uma audácia nunca vista. Uma zombaria às autoridades e uma ofensa ao povo brasileiro.
O país descarrila no mais assombroso abismo do seu nível civilizatório.
A desordem agora está definitivamente liberada.
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