quinta-feira, 8 de abril de 2010



08 de abril de 2010 | N° 16299
ACIMA DO MÍNIMO


Governo barra avanço no reajuste dos aposentados

Parlamentares fazem acordo para alta de 7,71%, mas ministro nega apoio

Depois de quatro reuniões e muita barganha, persistiu ontem o impasse em torno do índice de reajuste aos aposentados que recebem mais de um salário mínimo. Enquanto líderes partidários do governo e da oposição já comemoravam um acordo que fixava em 7,71% o aumento retroativo a janeiro, o Planalto travou as negociações, classificando a acerto parlamentar como “efeito eleitoral”.

Prevista para ser votada na Câmara ontem, a correção esbarrou na falta de consenso entre governo e Congresso. Agora, os ministérios da Fazenda e do Planejamento aguardam posição do presidente Lula. Segundo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, Lula não estaria disposto a “avançar muito” sobre os 6,14% já concedidos pelo governo em janeiro.

– Precisamos saber qual o fim desse negócio. Daqui a pouco vão querer dar 70% – reagiu Bernardo.

Desde o final da manhã, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), negociava um reajuste de 7%, para o qual havia recebido sinal verde da equipe econômica. Estudos preliminares projetam um impacto de R$ 1,2 bilhão nas contas da Previdência. No Senado, as bancadas do governo e da oposição insistiam em 7,71%.

Negociações devem ser retomadas só na terça

Como os articuladores políticos do governo consideravam inevitável a aprovação do reajuste, os líderes partidários lutavam para que um mesmo índice fosse votado na Câmara e no Senado. Contavam com a obediência e a maioria da base aliada. Porém, o próprio líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), encampou os 7,71%, o que irritou o Planalto.

– É uma vitória para os aposentados. Pela primeira vez eles terão um reajuste real de 4% – comemorava o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, interlocutor das entidades sindicais.

O presidente da Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas, Warley Gonçalles, considerou o acordo uma conquista, mas diz que a entidade continuará batalhando por 100% da variação do PIB nos próximos anos.

Depois, o governo orientou seus líderes a esvaziarem o acordo fechado no Senado. Segundo cálculos repassados aos deputados, os 7,71% provocariam um rombo de cerca de R$ 2 bilhões na Previdência.

– Se não for os 7%, vai ser o veto do presidente Lula e eles (os aposentados) vão ficar sem nada – alertou o líder do PT na Câmara, Fernando Ferro (PE).

Como a partir de hoje os parlamentares viajam para os Estados, as negociações só devem ser retomadas na próxima terça-feira.

– Ficou combinado que as duas casas não farão propostas que não possam ser cumpridas – amenizou a líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC).

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