sexta-feira, 16 de abril de 2010



Os três tês, os vovôs e a Previdência Social

Antes dos viagras da vida, coisa de alguns anos atrás, a gente costumava pensar que na vida de um homem três coisas raramente andavam juntas: tempo, saúde e dinheiro ou, para os mais informais, os famosos três tês: tempo, tesão e tutu. Tutu significava dinheiro, lembram?

Quando o cara era moço, lá pelos tempos da brilhantina, tinha saúde de monte e tempo, mas geralmente não tinha grana. Na meia idade o homem ainda tinha saúde, uns pilas, mas o tempo era dedicado a andar por aí matando javalis para sustentar a família.

Quando o cara se aposentava, lá pelos 50 anos, vivia mais alguns anos (a média de idade do brasileiro em 1974 era mais ou menos 56 anos) mas a saúde já rateava.

Os aposentados eram mais pacatos, viviam mais nos seus aposentos, sentados em velhas cadeiras de balanço, de pijama listrado e chinelos, lendo o jornal na frente da televisão. Tinha até general de pijama. Hoje a média de idade dos brasileiros anda lá pelos 70, e o tempo de vida na fase da aposentadoria aumentou.

Com os tratamentos, cuidados médicos, alimentação, exercícios físicos e remédios tipo o viagra, os vovôs estão aí engraxando, amarrando as chuteiras, dando seus chutinhos, fazendo suas embaixadinhas e golzinhos. Ou serão chutões, golaços e lançamentos de quarenta metros? Tempo, saúde e dinheiro andam, agora, muitas vezes, juntos.

E as coisas nem sempre são fáceis. Em casa, de vez em quando pinta um estresse, pois nem sempre a vó está a fim de namoro e aí o vô, turbinado, vai bater bola em outros campinhos. O problema, em especial para a Previdência Social, é quando o vô se separa da vó ou fica viúvo e casa com uma guria de trinta, trinta e poucos ou até menos.

Depois de uns anos de vida nosso lépido vovô se vai e deixa uma pensão para a jovem viúva, que vai viver mais uns quarenta e tantos anos. É um nó para a Previdência e para nós todos, que vamos ter de pagar pelos outonais-viagrais dos vovôs. Nada contra o amor, o sexo e a liberdade, que são lindos, claro, muito antes pelo contrário.

De repente os namoros são muitas vezes até simpáticos, verdadeiros, necessários e saudáveis, não vamos negar. Mas vamos combinar que os preços acabam meio salgados e os cálculos autuariais e outros detalhes precisam ser considerados, vocês não acham? Ou então vamos todos participar da festa.

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