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sexta-feira, 30 de abril de 2010
30 de abril de 2010 | N° 16321
PAULO SANT’ANA
A ideia da morte
Intriga-me a morte. Será possível que isto tudo acabe?
É possível não, é certo que isto tudo acabará para nós.
Dizem que o único ser vivo que tem certeza da morte é o homem, daí que ele mergulhe no tédio e seja tão inquieto.
Um dia haverá em que a morte nos chamará.
Para que alguém morra, basta que nasça, a vida já começa com o anúncio da morte.
Então, o homem passa fingindo que está vivendo. Em realidade, ele está sendo alvo da única ameaça que se cumpre inexoravelmente: a morte.
Ela é certa, tão certa como o sol nascerá amanhã, depois virá a noite, no dia seguinte será de novo sucedida novamente por outro sol.
O homem teme e evita a morte incansavelmente.
Será que o homem teme a morte somente porque ela significa o fim?
Ou o homem teme a morte porque não sabe o que acontecerá consigo logo depois da morte?
Está bem, o homem está vivendo, não cogita da morte, apenas cisma com ela à distância.
Mas é muito difícil entender que um dia fatalmente a morte virá.
E tudo o que se fez, tudo o que se realizou, filhos, mulher, netos, carreira, tudo também morrerá. Porque em realidade, quando uma pessoa morre, tudo em seu redor morreu para ela. É o fim de tudo e de todos. Que encrenca! A maior de todas as encrencas.
Existe um fascínio pela morte: é que ninguém sabe quando morrerá. Se houvesse um prazo delimitado, marcado, para morrer, imagino em que terror se transformaria a vida.
O homem sabe que vai morrer, ele só não sabe é quando vai morrer. Por isso, muitas vezes, ele disfarça, faz de conta que nunca vai morrer, tenta driblar a morte com a indiferença.
Mas como ficar indiferente a um ato que vai terminar com tudo?
Como vai se ignorar que algum dia todos os tijolos que cimentamos na vida ruirão por terra pela morte?
Ali, por exemplo, está um velho, ao meu lado, na minha frente. Descubro só agora por que ele não sorri, por que vive engolfado pela tristeza. Tem bom salário, tem boa família, leva uma vida prazerosa.
E, no entanto, não sorri. Está na cara que não sorri porque sabe que vai morrer, que está diminuindo o prazo para sua morte, todos os dias diminui o prazo.
Em realidade, o homem está condenado à morte. Existe para ele, em última análise, uma pena de morte.
E vai ser executado. Um inocente morrerá. Pelo único pecado de ter nascido.
A morte é certa. Não poderá detê-la nenhuma resistência.
O certo seria que o homem se resignasse com a morte e se preparasse para recebê-la. Mas haverá algum homem tão sábio e distinguido que receba a morte como um bálsamo ou uma libertação?
Acho que não há ou quase não há.
Em princípio, o homem odeia a morte.
Mesmo quando já não sabe mais o que fazer com a vida.
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