sexta-feira, 9 de abril de 2010



Paixão pelos clássicos

Divulgação/JC-Foto: Divulgação/JC

Quando alguém começa a falar em obras clássicas, muitos já saem torcendo o nariz e ficam pensando em leituras chatas, herméticas, quilométricas, inúteis e mesmo enfadonhas.

Alguns, como o escritor Italo Calvino, escreveram obras apresentando as razões para que a gente não deixe de ler os livros canônicos. Óbvio que existem clássicos mais ou menos legíveis, mais ou menos novos ou divertidos, e que isso depende de época, gosto pessoal e outras coisas.

A liberdade deve sempre prevalecer. Mario Quintana, inteligente e bem-humorado, escreveu que os autores de clássicos escreveram os clássicos porque não havia clássicos para os atrapalharem. O certo é que a importância e a imprescindibilidade das leituras dos clássicos seguem, milênio após milênio, e não há como negar o fato.

Não é possível virar as costas para tanto talento e tanto esforço. Não é possível pensar ou fazer algo novo sem dar uma olhada nos esforços e gênios do passado e mesmo da modernidade. Não é possível entender o que está aí sem conhecer um pouco do que nossos ancestrais pensaram e sentiram.

O prazer de ler os clássicos, do crítico e escritor norte-americano Michael Dirda, nascido em Ohio em 1948 e ganhador do prestigiado Prêmio Pullitzer por suas críticas publicadas no suplemento Washington Post Book World, vai mais na linha da leitura apaixonada do que propriamente no olhar do crítico ou do estudioso da matéria.

Este é seu maior mérito. Sem erudição cansativa, Dirda fala dos livros que o agradaram e que foram boas companhias por muitas horas. Ele não gosta de considerar as obras como sagradas ou obrigatórias.

Mesmo em matéria de clássicos, como se sabe, cada um tem sua lista. A de Dirda, que já publicou vários livros de ensaios e memórias, inclui autores conhecidos e outros nem tanto. Isto também é um mérito do volume.

De Safo ao moderno Ítalo Calvino, passando por Émile Zola, Céline, Cícero, Agatha Christie, Rudyard Kipling, Daniel Defoe, Henry James, Dashiell Hammett, Malraux e Ezra Pound, o autor escreve com paixão sobre dezenas de obras canônicas do Oriente e do Ocidente.

Enfim, o mérito do simpático livro de Michael Dirda é não tratar a leitura com a arrogância tão própria de algumas academias nem com a famosa preguiça da autoajuda que anda grassando por aí.

O prazer de ler os clássicos, desculpem o trocadilho inevitável, é um livro que a gente lê com prazer, muito prazer, muito prazer...WMFMartins Fontes, 360 páginas, R$ 65,00, tradução de Rodrigo Neves, www.wmfmartinsfontes.com.br.

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