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sábado, 10 de abril de 2010
11 de abril de 2010 | N° 16302
DAVID COIMBRA
Os sinais que vêm do alto
Foi o próprio Senhor quem ordenou com sua voz de trovoada que os hebreus fugissem do Egito de Ramsés II. Prometeu que os conduziria a uma terra de onde fluía maná, leite e mel, e eles acreditaram, e se foram deserto adentro. E foram e foram e foram. E foram.
Foram durante 40 anos.
A maioria das pessoas do mundo, hoje, tem menos de 40 anos. E naquela época, há de 33 séculos, vivia-se muito menos do que isso. Claro, alguns tinham mais sorte. Moisés mesmo, segundo a Bíblia, só morreu aos 120 anos, e morreu na plenitude da força, sem precisar de óculos para ver de perto, como o meu amigo Cagê.
Mas Moisés tinha uma relação especial com Deus, falava com Ele e tudo mais. Normal que angariasse certas vantagens. As outras pessoas de três mil e tantos anos atrás morriam jovens e míopes. Logo, muitos não viveram o suficiente para conhecer a tal terra do maná, que, sabemos agora, é aquela faixa conflagrada do Oriente Médio.
É intrigante. Porque, ainda que tenha havido algumas dissidências e adorações a bezerros de ouro pelo caminho, os hebreus se mantiveram unidos durante todo aquele tempo, atravessaram a poeira dos desertos e a dos séculos, e vicejaram, e seus descendentes aí estão. Como conseguiram?
Acreditando.
Eles acreditaram nos sinais que lhes eram dados – o Mar Vermelho a se abrir, comida caindo do céu, veios d’água fresca brotando de rochas, essas coisas.
Quando surgem os sinais, há que se prestar atenção neles, é a lição dessa história. Alguém pode argumentar que ultimamente o surgimento de sarças ardentes tem sido raro, e que o dedo de fogo do Todo-Poderoso parou de imprimir leis em tábuas de pedra desde a época do êxodo.
Verdade. Mas há outros sinais, emitidos quiçá pelo Cavalo Celeste, como crê o Zé Antônio Pinheiro Machado; ou pelo Destino, como acreditam as mulheres todas; ou pela Sorte, como aposta o Guerrinha. Seja lá o que for, o certo é que alguma entidade andou escalando o Grêmio nesses meses de 2010.
Apartava uns e outros do time e colocava os guris. Adilson, Maylson, Willian Magrão, Mithyuê jogaram graças a essa força estranha. Mas, de repente, Adilson vai para a reserva, Maylson é substituído, Mithyuê nem no banco fica. E tudo dá errado. Pelas mãos do homem, não da Providência ou do Acaso ou sabe-se lá o quê.
É o que dá não ler os sinais.
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